Samaritano reduz tempo de internação em mais de 90% com uso do conceito ERAS

Em agosto de 2020, o Hospital Samaritano Paulista, do Americas, divulgou o artigo inédito em todo mundo na revista Nature sobre o seu protocolo, baseado no conceito ERAS (Enhanced Recovery AfterSurgery), que prevê alta hospitalar pós cirurgia cardíaca em até três dias. O relato feito na publicação científica interdisciplinar britânica, compartilha informações médicas de um grupo de 92 pacientes, dos quais 46 receberam os cuidados com o uso dessa prática. Foi constatado que o método utilizado reduz de forma significativa o tempo de permanência do paciente no ambiente hospitalar e, consequentemente, evita infecções e possíveis intercorrências, com total segurança. A instituição, que é umas das pioneiras no país, iniciou a prática em 2019, mas após essa publicação o método ganhou força, tornando-se habitual. E, em relação ao cuidado convencional praticado nos dias de hoje, a unidade reduziu em mais de 90% o tempo de internação, quando comparado à permanência registrada em instituições públicas no país.

Um levantamento do United HealthGroup Brasil, realizado no ano de 2019, faz um comparativo do tempo de internação e de UTI de pacientes que passaram por um procedimento cardíaco nas redes públicas e privadas em relação ao Hospital Samaritano Paulista, única instituição que implementou um protocolo baseado no ERAS. Enquanto a unidade registra três dias de internação, sendo um na UTI e dois no pós-operatório, nas instituições privadas e acreditadas, o paciente fica cerca de 18 dias, quatro na UTI e 14 de internação. Já nos hospitais públicos, a permanência é ainda mais longa, de até 32 dias, sendo cinco dias na UTI e 27 no pós-operatório. O estudo informa ainda que, no Brasil, 80% das cirurgias cardíacas são realizadas nos hospitais públicos.

Para Valter Furlan, diretor do hospital, a alta médica com tempo reduzido após uma cirurgia cardíaca é possível graças ao fluxo de otimização. “Temos uma equipe multidisciplinar treinada e dedicada ao preparo desse paciente com o uso da fisioterapia, antes do procedimento, e um acompanhamento da sua evolução nas atividades, sempre ajustando às necessidades de cada um e de forma humanizada. Do início ao fim do processo, levamos em conta o pós-operatório cardíaco com o intuito de prevenir as infecções e promover uma rápida recuperação”, destaca. Outro diferencial que influencia no resultado é o uso de anestesia multimodal, livre de opioides (eliminando a morfina) menos invasiva, resultando num despertar e uma recuperação mais rápidos.

E, de acordo com o cirurgião cardiovascular, Dr. Omar Mejia, nesse novo modelo, a extubação, após o procedimento, é realizada precocemente e a alta hospitalar acontece após o teste da caminhada, de seis minutos, e somente depois dessa etapa o paciente está apto pra voltar pra casa.  Em comparação à anestesia tradicional, essa utilizada nos cuidados proporciona um pós-operatório mais confortável ao paciente. “O objetivo não é dar alta para o paciente em três dias, mas sim prepará-lo para que esteja bem nesse período e tenha uma rápida e segura recuperação. É claro que o método também é visto com bons olhos no que se refere ao custo-benefício, já que com a permanência reduzida na rede pública ou privada de saúde permite um giro mais rápido de leitos, resultando em menos despesas médicas. Mas nosso foco principal é a saúde e o bem-estar do nosso paciente”, sinaliza o médico.

Uso do protocolo e o melhor tempo de internação

Há dois anos, a cirurgia realizada com mais frequência era a de ponte de safena, mais houve uma evolução nesse sentido, e atualmente já é possível realizar as valvares (deficiências ou anomalias nas valvas do coração), mixomas (tumor benigno), comunicação interatrial (CIA), e quase todos os procedimentos cardiológicos. Agora pacientes de baixo e também de alto risco são beneficiados com essa prática, lembrando que não se trata de acelerar o processo de recuperação, mas sim da alta ser realizada no tempo certo ou no melhor tempo, fazendo com que o paciente retome sua rotina.

“É um conjunto de mudanças no que diz respeito ao sistema tradicional e o mais importante é que o paciente sai muito melhor, sem risco de passar mal, em total segurança. O uso do protocolo nos mostra uma tendência à diminuição da taxa de readmissão hospitalar e de complicações no pós-operatório. Avançamos muito, felizmente, já que o paciente submetido ao mesmo procedimento pode ficar até um mês internado, como mostram os dados do sistema único de saúde”, comemora Dr. Omar. Lembrando que, quanto maior a estadia do paciente no ambiente hospitalar, maiores são as chances de ter complicações, infecção, arritmia, pneumonia, entre outros problemas.

“Essa prática resultaria em inúmeros benefícios para o paciente, que ficaria menos tempo hospitalizado, com menos riscos para a sua saúde. E para a instituição, que economizaria um valor inestimável, e teria mais condições – estrutura física e equipe multidisciplinar – para atender mais pacientes num curto espaço de tempo, com qualidade e segurança, e com isso seria possível até salvar mais vidas. Neste caso, tempo é vida”, conclui o médico.

Esse protocolo praticado no Samaritano Paulista é baseado do ERAS (Enhanced Recovery AfterSurgery) reconhecido internacionalmente e praticado nos principais centros médicos dos Estados Unidos e da Europa, nas últimas décadas.

Redação

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