Condição genética rara no coração faz aposentado do Acre ser operado em Brasília

Uma anomalia genética no coração, fez José Afonso Almeida Neto, 64 anos, sair do Acre para ser operado num hospital em Brasília. Semelhante a um aneurisma, a condição, que só foi identificada recentemente no paciente, é rara e possui elevado nível de complexidade. Caso não tivesse realizado o procedimento da maneira correta, o acreano perderia a vida.

A descoberta da situação foi inusitada: na realização de um raios x de pulmão para detectar infecção por Covid-19. Ao levar os exames para o cardiologista, o médico viu alterações e pediu uma averiguação mais completa. Foi então que o diagnóstico revelou o divertículo de Kommerell, condição que afeta apenas cerca de 0,05% da população brasileira, segundo publicação em Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas.

O médico acreano então sinalizou que seria uma cirurgia de alta complexidade e deveria ser realizada em um centro de referência. Assim, o especialista indicou o Hospital Brasília Unidade Águas Claras (HBUAC) para a realização da operação. “Não fazíamos ideia de que meu pai tinha esta condição. Na nossa família nunca ouvimos falar. Corremos para Brasília assim que o médico pediu”, afirma Jaqueline Almeida, filha de José Afonso.

Segundo o cirurgião endovascular do HBUAC Carlos Schüler, a anomalia genética de José Afonso trata-se de arco aórtico direito associado a subclávia esquerda aberrante mais divertículo de Koemmerell (dilatação semelhante a um aneurisma). “Essa é uma condição congênita, que pode manifestar sinais tardiamente. Os sintomas mais comuns são: disfagia (dificuldade para engolir), tosse e a ruptura, este último sendo o mais grave e temido, tem a tendência de ser fatal. Normalmente em 90% dos casos levam à morte”, alerta. Dada a complexidade e raros casos relatados, a cirurgia precisou de um intenso planejamento e contou com uma equipe multidisciplinar de cardiologia, anestesia, terapia intensiva, cirurgia cardíaca, cirurgia vascular e endovascular.

Assim, foi proposto um procedimento híbrido, que mescla duas abordagens: a cirurgia convencional e a cirurgia endovascular (minimamente invasiva). “Esta técnica foi adotada devido às alterações anatômicas da aorta anômala e poderia comprometer a circulação dos membros superiores e da porção posterior do cérebro”, explica o médico. Esta foi a primeira vez que o HBUAC realizou esse tipo de operação e, além de Schüler, contou com um outro cirurgião endovascular, o médico Josué Cunha, e com os cirurgiões cardíacos Murilo Teixeira e Claudio Cunha.

A cirurgia foi um sucesso e José Afonso recebeu alta em três dias. “O resultado alcançado está, sem dúvidas, alicerçado no trabalho da equipe multidisciplinar que formou um verdadeiro ‘Time de Aorta’, associado a uma estrutura hospitalar com todo suporte e aparato tecnológico para o tratamento de doenças vasculares de alta complexidade”, conclui o cirurgião Carlos Schüler.

Agora, o acreano volta para o estado, porém continuará o acompanhamento com o cirurgião Josué Cunha via teleconsulta. “Todos os pedidos de exame serão passados pelo doutor Josué e eventualmente iremos a algum cardiologista presencialmente. Agora é se recuperar e continuar o observando esta evolução”, conta Jaqueline Almeida.

Redação

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