Inaugurado há 21 anos, o Centro de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital do GRAACC, referência em casos de alta complexidade no tratamento do câncer infantojuvenil, chegou à marca de 900 transplantes realizados. Durante a pandemia, um dos procedimentos, conhecido como haploidêntico, cresceu 60% e impulsionou os transplantes no centro, um dos mais avançados do país no atendimento a crianças e adolescentes.
“O transplante haploidêntico tem ocorrido com maior frequência. O doador pode ser o pai, mãe, irmão ou filho, ou seja, parentes de primeiro grau para terem 50% de compatibilidade com o transplantado. As chances de cura são praticamente as mesmas de um doador 100%. Em tempos de pandemia é uma grande vantagem, pois o doador está próximo e não é necessário aguardar a procura por um doador do banco. Isso agiliza a realização do procedimento e, consequentemente, amplia as chances de cura, pois o câncer não espera. Em 2019, foram realizados 15 transplantes desse tipo. Já em 2020, esse número cresceu para 24. Só no 1º semestre de 2021 já realizamos 14 transplantes haploidênticos”, explica a Dra. Renata Fittipaldi, Coordenadora do Centro de TMO do Hospital do GRAACC.
Referência em transplantes
O Centro de Transplante de Medula Óssea do GRAACC é um dos especializados em transplantes em pacientes pediátricos, realizando entre 75 e 80 procedimentos por ano. Os transplantes são realizados, quando necessário, para tratar casos de leucemias, tipo mais comum de câncer em crianças com incidência de aproximadamente 25% dos casos, além de neuroblastomas de alto risco e tumores do sistema nervoso central.
O Centro tem expertise na manipulação, congelamento e processamento das medulas, com o centro de criopreservação de células tronco. “Existem 119 centros transplantadores registrados pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos e o GRAACC está entre os 53 centros que fazem o processamento de medula. Considerando os diferenciais do paciente pediátrico, somos especialistas em congelamento e lavagem das células, especialmente para pacientes abaixo de 15 quilos, o que nos dá uma experiência singular neste segmento”, salienta Dra. Renata.
A expertise da equipe e os critérios técnicos adotados pelo GRAACC, tornaram o hospital um centro de coleta de sangue periférico e medula do Registro de Doadores de Medula (REDOME).
As leucemias
O diagnóstico é feito por meio do mielograma (exame do sangue de dentro do osso). Comumente aparecem na medula óssea, mas podem surgir também nos testículos e no líquor (líquido da espinha). Os tipos mais comuns na infância são a Leucemia Linfoide Aguda (LLA), Leucemia Mieloide Aguda (LMA).
“Como em qualquer caso de câncer infantojuvenil, os sintomas podem ser confundidos com fatos corriqueiros da infância como dor do crescimento, manchas roxas pelo corpo, febre, abatimento e dores de cabeça, por exemplo. Porém, a persistência de algum desses fatores, por mais de sete a dez dias, deve ser investigada o quanto antes, pois quanto mais cedo for detectado, maior será a eficácia do tratamento e, consequentemente, as chances de cura”.
Transplantes
O Hospital do GRAACC realiza todos os tipos de transplante de medula óssea. Todos são feitos no Centro de Transplante de Medula Óssea e dependem do tratamento e tipo do câncer pediátrico.
Autólogo: Utiliza células do próprio paciente, que são coletadas e congeladas. O paciente realiza sessões de quimioterapia para eliminar as células de tumor no organismo e, posteriormente, recebe a medula que foi congelada de volta.
Alogênico: Feito a partir de células de medula de um doador, em geral, totalmente compatível (da mesma família ou não). Envolve quimioterapia e, muitas vezes, radioterapia para eliminar a medula afetada e permitir que a medula transplantada tome seu lugar.
Haploidêntico: Utiliza o mesmo processo do alogênico, porém com doador sendo um parente de primeiro grau (pai, mãe, irmão ou filho, com 50% de compatibilidade). Uma alternativa a ser considerada na falta de doador compatível.