Retomada das cirurgias eletivas no primeiro semestre na rede pública é refletida em estudo

As internações para realização de cirurgia ainda apresentaram queda nos seis primeiros meses do ano, no Sistema Único de Saúde (SUS) e hospitais conveniados. Foram realizadas 1,64 milhões de cirurgias, ante 1,74 milhões de cirurgias no mesmo período de 2020. Um recuo de 5,7%. Apesar disso, a produção, venda e consumo de Dispositivos Médicos Implantáveis cresceram 9,2% no primeiro semestre de 2021, na comparação com os seis primeiros meses do ano passado. “O que pode significar que os hospitais estão se preparando para uma enorme demanda que irá surgir nos próximos meses”, analisou o presidente do Conselho de Administração da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde, Bruno Boldrin Bezerra.

Os dados fazem parte do Boletim Econômico da ABIIS, divulgado no ‘VI Fórum Nacional de Dispositivos Médicos ABIIS: Desafios e Propostas para o Setor’.

No mesmo período, houve aumento de 4,7% nas internações hospitalares para consultas, tratamentos e diagnósticos. Entre janeiro e junho de 2021, foram realizadas 4,8 mi­lhões de internações para consultas, tratamentos e diagnósticos no SUS, contra cerca de 4,6 mi­lhões, no mesmo período do ano de 2020. As internações clíni­cas tiveram crescimento de 20,8%, com destaque para o tratamento da Covid-19, que teve alta de 365% no primeiro semestre de 2021.

“A aceleração do ritmo e a alta taxa de cobertura da vacinação contra a Covid-19 têm provocado um aumento no atendimento de procedimentos eletivos, com reflexo positivo para o setor de dispositivos médicos”, completou Boldrin.

A produção doméstica de instrumentos e materiais para uso médico, odontológico e de artigos ópticos acumula crescimento de 26%, no primeiro semestre. Em junho a alta foi 62,6%, em relação a junho de 2020. E, nos últimos doze meses, o número também é maior do que nos doze meses anteriores em 3,1%. Entre janeiro e junho, 1.087 vagas nas atividades industriais e comerciais do setor de DMI foram abertas, um crescimento de 0,8%, totalizando 143.139 trabalhadores nesse mercado, número que não inclui os empregados em serviços de complementação diagnóstica e terapêutica.

O cenário é positivo também nas importações e exportações, que registraram 1,3% e 10,6%, respectivamente, mais negócios do que nos seis primeiros meses de 2020. “Os segmentos representados pela ABIIS – materiais e equipamentos para a saúde, próteses e implantes e reagentes e analisadores para diagnóstico in vitro – foram os que mais se ressentiam dos cancelamentos nos procedimentos e mostrava atividade em retração até março último. Agora, com quase 60% da população já vacinada com pelo menos uma dose, os diversos setores da saúde mostram sinais de regularização das atividades. Por isso, esperamos impactos ainda mais positivos nos próximos meses”, afirmou Bruno Boldrin Bezerra.

Exames

O total de exames apresentou alta de 20,1% no acumulado de janeiro a ju­nho de 2021, em relação ao mesmo período de 2020. Foram realizados mais de 438 milhões de exames e no primeiro semestre de 2020 foram cerca de 365 milhões. Houve aumento de 288% nos diagnósticos em vigilância epidemiológica e ambien­tal e de 34,9% no número de tomografias.

O Boletim Econômico ABIIS é desenvolvido pela Websetorial Consultoria Econômica.


 

Propostas para ampliar o acesso da população à saúde e a inovação são apresentadas ao governo, parlamentares, órgãos reguladores e indústria

A Aliança Brasileira da Indústria Inovadora da Saúde (ABIIS) promoveu um amplo debate sobre o aperfeiçoamento e a inovação da saúde brasileira, a partir da crise sanitária da Covid-19, no dia 26 de agosto, com transmissão online. O ‘VI Fórum Nacional de Dispositivos Médicos ABIIS: Desafios e Propostas para o Setor’ marcou os 10 anos da Aliança, que representa mais de 500 empresas do setor de Dispositivos Médicos (DM).

O presidente da ABIIS, Bruno Boldrin Bezerra, apresentou os dados do Boletim Econômico do primeiro semestre de 2021 e destacou a reação cautelosa do setor, a partir do avanço da vacinação contra a Covid-19 no país. “As internações para realização de cirurgia ainda apresentaram queda nos seis primeiros meses do ano no Sistema Único de Saúde. Por outro lado, houve aumento de 4,7% nas internações hospitalares para consultas, tratamentos e diagnósticos de janeiro a junho. O reflexo foi um crescimento de 9,2% na produção, venda e consumo de DM, no primeiro semestre de 2021, na comparação com os seis primeiros meses do ano passado”, disse.

Bruno Bezerra salientou que o setor tem importância vital e estratégica na economia brasileira, além da importância social, diante de desafios presentes e futuros, como envelhecimento da população, a prevalência das doenças crônicas e a escassez orçamentária. “É preciso priorizar o setor dentro de uma estratégia nacional de desenvolvimento que o Brasil venha a ter. Em 2020, 74,2% das exportações mundiais de EPIs foram feitas pela China. 62,2% das exportações de ventiladores ficaram concentradas em apenas 5 países. E o Brasil não está em nenhuma dessas listas. Temos menos de 0,1% de participação nas exportações de EPIs e 0,1% de ventiladores. O que mostra o quanto o país tem de potencial produtivo para ocupar espaço no cenário global da cadeia produtiva na área de órteses e próteses e também de diagnóstico”, finalizou.

O assessor especial do ministro da Saúde, Daniel Pereira, destacou a grande importância da ABIIS para o Sistema de Saúde brasileiro. “Mais de 9% do PIB é gasto em saúde e 40% desse total é exclusivamente no sistema público, que atende 75% da população que não possui plano de saúde. Cada vez mais, temos que integrar a saúde pública e a privada e, para isso, contamos com a ABIIS, com o objetivo final de levar saúde de qualidade aos 220 milhões de brasileiros”.

O deputado federal, Luiz Antonio Teixeira Júnior (PP/RJ), citou o papel da Anvisa na desburocratização durante a pandemia e citou um projeto em tramitação no Congresso, de sua autoria, para a criação de uma estratégia nacional de saúde, que vai ajudar no desenvolvimento da indústria do Brasil. Ele parabenizou a iniciativa da ABIIS em também sugerir ações para gerar um acesso mais amplo e igualitário a uma saúde de qualidade a população, uma referência ao livro ‘Desafios e Propostas para o Setor de Dispositivos Médicos no Brasil’, lançado oficialmente pela Aliança no evento.

“Esta publicação é um marco da ABIIS, uma entidade que busca não só fazer uma análise, mas principalmente trazer propostas e não mede esforços para colocá-las em prática. Jornada que não tem sido fácil. Nestes 10 anos, deixamos um legado: a importância que hoje se dá aos dispositivos médicos e ao diagnóstico é primordial para construção de um novo caminho”.

Representantes da Anvisa, Ministério da Economia, Ministério da Saúde, e da Indústria debateram também as vantagens da rápida aprovação pelo Congresso Nacional do Protocolo ao Acordo de Comércio e Cooperação Econômica Brasil & EUA, em especial pelo capítulo de Boas Práticas Regulatórias; os desafios e propostas para incorporação de tecnologias em saúde no país; e como melhorar o ambiente de negócios, a redução do custo Brasil e a inserção do Brasil nas cadeias globais de valor.

O ex-ministro da Saúde e deputado federal, Alexandre Padilha (PT/SP), adiantou que, em setembro, vai apresentar – com a participação da ABIIS – um relatório da Subcomissão Especial de Desenvolvimento do Complexo Econômico e Industrial em Saúde (SUBCEIS) na Câmara dos Deputados, com propostas concretas para o país. “Nos próximos 5 anos estaremos vivendo a superação dos impactos da pandemia, em um grande esforço que envolve dispositivos médicos, tecnologia, capacidade de oferecer novos serviços. Precisamos melhorar a vigilância sobre a pandemia, expandir a rede de genotipagem das mutações que surgem e fazer rastreamento de contato. Em paralelo, existe um enorme desafio que são os problemas de saúde represados por conta da pandemia e a necessidade de expansão dos serviços. Por tudo isso, o Brasil precisa ter um comprometimento de ampliação sustentável dos recursos, para fortalecer esse mercado”, finalizou.

Redação

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