O projeto Tele UTI, liderado pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), foi ampliado para o triênio 2021-2023. Durante os próximos anos, o atendimento, antes voltado a UTIs pediátricas, agora beneficia também pacientes críticos atendidos em unidades de terapia intensiva neonatais. Em nove meses, os resultados parciais já revelam uma queda de até 50% na mortalidade de bebês recém nascidos internados nas UTIs do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande (PB), e do Hospital Pedro Bezerra, em Natal (RN).
A chefe do Serviço de Neonatologia e coordenadora da UTI Neonatal do Hospital Moinhos de Vento, Desirée Volkmer, afirma que este é um projeto que promove mudanças. “Quando se trabalha com protocolos, rotinas e equipe multiprofissional, a evolução dos pacientes e dos resultados da unidade são claramente percebidos. Isso aumenta o engajamento dos profissionais e a forma de atuar, pois há estímulo para a busca constante por mais qualidade e segurança no cuidado dos bebês e suas famílias”, destaca a médica pediatra. Desirée acrescenta que a iniciativa permite que os especialistas compartilhem conhecimento com a equipe remota, promovendo a qualificação e permitindo mudar cenários. “Isso é de extrema importância num país continental como o nosso”, salienta.
O resultado nas UTIs neonatais, ainda que a nova etapa do projeto não tenha fechado o seu primeiro ano, repete os desfechos observados no triênio anterior (2018-2020), quando o atendimento tinha foco em UTIs pediátricas. A iniciativa, desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), chegou a reduzir em 50% a mortalidade nas unidades pediátricas de alguns dos hospitais atendidos. Graças a esse desempenho, o Tele UTI foi ampliado e, nos próximos meses, deve atender também unidades para pacientes adultos.
Tele UTI
Na prática, por meio de rounds diários, médicos intensivistas do Hospital Moinhos de Vento fazem visitas virtuais às unidades de saúde. As equipes locais levam um cart de telemedicina ou um robô até o leito dos pacientes. Juntos os profissionais discutem cada caso, trocam experiências, fazem a adequação de rotinas e terapias e buscam formas de otimizar os recursos.
A médica neonatologista do projeto Marôla Flores da Cunha Scheeren é uma das responsáveis por atender às equipes e pacientes de forma remota. “Discutimos juntos o caso para chegar a um diagnóstico, fornecemos recomendações de condutas assistenciais e promovemos a qualidade de atendimento aos bebês”, explica. O Hospital Moinhos de Vento também disponibiliza protocolos clínicos efetivos e adaptados à cada instituição, seis videoaulas de capacitação aos profissionais e discussões de casos com médicos especialistas, além de suporte de equipe multidisciplinar.
“O Brasil sofre com a falta de especialistas em neonatologia e, muitas vezes, as UTI são conduzidas por médicos pediátricos que não têm essa especialização, por isso esse projeto é tão importante. Particularmente, considero a experiência mais gratificante de todas. Em 20 anos de formação, foi a mais bonita da minha vivência médica. É uma responsabilidade muito grande orientar os colegas sobre o que fazer, observar ao longo do período que as nossas orientações estão promovendo mudanças e estamos conseguindo construir uma parceria forte com as UTI remotas e isso traz resultados incríveis”, conclui Marôla.
Seminário PROADI-SUS
O TeleUTI é a pauta da edição de setembro do Seminário PROADI-SUS. Para tratar de aspectos sobre o funcionamento, rotinas e bastidores do projeto, o Hospital Moinhos de Vento promove um evento online e gratuito na quinta-feira (30). Além das médicas Desirée Volkmer e Marôla Scheeren, participam a médica do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida, Tereza d’Amorim, e a pesquisadora do Hospital Moinhos de Vento, Taís Moreira. A Live PROADI inicia às 12h e será transmitida ao vivo pelo canal do Hospital Moinhos no YouTube. As inscrições podem ser feitas no site da instituição.