Ações de humanização em UTIs ajudam a reduzir incidência de Burnout nos profissionais da saúde

Foto: Leonardo Lenskij

Uma ação colaborativa internacional liderada por universidades e hospitais norte-americanos busca, nos últimos anos, incentivar protocolos e iniciativas de prevenção à Síndrome de Burnout. De acordo com pesquisadores dessas entidades, estudos oficiais realizados em vários países apontam que 20% dos profissionais de saúde que trabalham em unidades de tratamento intensivo apresentam os sintomas deste distúrbio psíquico, que é marcado pelo esgotamento profissional. Para lidar melhor com as rotinas estressantes e o trabalho sob pressão, inerentes ao tratamento de pacientes críticos, muitas instituições estão implantando mudanças e investindo em prevenção.

O assunto foi discutido na quinta-feira (12), durante o Simpósio de Humanização em UTIs, realizado pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS). O projeto UTI Visitas, desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), foi uma das ações apresentadas. Criada para flexibilizar o acesso de familiares aos pacientes internados e com foco em melhorar o bem estar desses acompanhantes, a iniciativa trouxe vantagens inesperadas também à médicos, enfermeiros e técnicos.

“Uma das preocupações no início do projeto era o impacto que teria junto aos profissionais. Existia uma ideia de que a ocorrência de Burnout pudesse aumentar. Mas isso não aconteceu e, em alguns dos 36 hospitais no qual implantamos o UTI Visitas, observamos inclusive redução”, afirmou a coordenadora assistencial do CTI Adulto, enfermeira Daiana Barbosa. A pesquisadora acrescentou que ainda estão buscando uma explicação pra este resultado, mas que “provavelmente o maior vínculo entre equipes e famílias tenha contribuído para os profissionais reconhecessem o valor social de seu trabalho”, concluiu.

A neurologista Maria Cecília Vecino, do Hospital Moinhos de Vento, explicou o que é a Síndrome de Burnout e as razões para se tornar cada vez mais comum, não só entre profissionais da saúde. Ela também falou sobre a prevenção, como identificar alguém na equipe com o problema e como tratar. A incidência é maior entre as mulheres. Além de afetar a saúde física e mental, as consequências da síndrome são o aumento da rotatividade em empregos e até uma redução na qualidade do atendimento prestado ao paciente.

UTI Visitas

O simpósio foi organizado pela equipe idealizadora do UTI Visitas e responsável por sua execução na instituição. O projeto foi implantado para a pesquisa do PROADI-SUS em 36 hospitais do Brasil. Destes, 80% tornaram definitiva a flexibilização do horário. A permanência média dos familiares com os pacientes passou de 90 minutos para 10 horas ao dia nas instituições envolvidas.

Durante os painéis, foram analisados aspectos como os cuidados para viabilizar a presença de familiares na unidade e seus papéis, a redução de danos intra e pós internação, a humanização na reabilitação física, mental e espiritual e o suporte psicológico. As mesas contaram com a participação de familiares para discutir as vantagens aos pacientes.

Iniciativa premiada

O projeto UTI Visitas vem sendo reconhecido nacional e internacionalmente. De 2017 a 2019, o programa desenvolvido em 36 unidades país afora recebeu seis prêmios – entre eles, o Patient and Family Centered Care Award, pelo Johns Hopkins Partners Forum, e o 37th ISICEM Award, pelo ISICEM-Brussels.

As duas premiações se somam ao troféus nacionais Top Cidadania, concedido pela ABRH, Top Inovação em Processos e Top de Marketing categoria Ouro, ambos da ADVB, e o mais recente, Gestão Qualidade e Segurança, pela CBMI-AMIB. Além disso, a iniciativa é tema de seis publicações de revistas especializadas internacionais.

Redação

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