Em novembro último, o presidente Michel Temer decretou a obrigatoriedade de todos os prestadores de serviços de Saúde – nas esferas públicas, suplementar e privada – entregarem um Conjunto Mínimo de Dados (CMD) ao Ministério da Saúde. A exigência fez com que a Associação Paulista de Medicina (APM) começasse a trabalhar na ampliação do escopo de atenção do Projeto Idoso Bem Cuidado, a fim de atender à normativa. Na prática, isso significa que está nascendo um novo modelo de assistência e promoção em saúde para os brasileiros, todo organizado em nuvem.
A meta é promover atenção integrada aos pacientes, com maior resolubilidade na saúde suplementar, por meio do compartilhamento de dados. A iniciativa busca ainda otimizar os custos e racionalizar o fluxo de atendimento.
Trata-se, em suma, da centralização das principais informações de saúde dos usuários em um sistema eletrônico, que facilitará o acesso de profissionais em toda a rede privada, com segurança máxima e permissão do paciente.
Na plataforma, haverá um conjunto de informações a ser compartilhada entre serviços médicos, hospitais, laboratórios e outros profissionais da Saúde.
O intuito é que, no momento de espera da consulta, o paciente receba um comunicado por celular via SMS pedindo autorização para que haja transferência de suas informações para o especialista médico ou demais profissionais da Saúde.
Se disser sim, automaticamente os dados resumidos de consultas anteriores vão para o prontuário do médico, por exemplo.
Etapas
O objetivo do Governo Federal é utilizar os dados para subsidiar as atividades de gestão, planejamento, programação, monitoramento, avaliação e controle dos sistemas e serviços de Saúde. “Já estamos dando passos concretos para amplia o escopo do Idoso Bem Cuidado, que já estava estruturado, para atender essa demanda geral, aumentando a atenção aos pacientes de todas as idades”, afirma Antonio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia da Informação da APM.
O próximo passo será muito importante para a estruturação do novo modelo do projeto: uma etapa de testes em Caxias do Sul (RS). “Lá, iremos trabalhar com duas operadoras, em um ambiente com poucos hospitais, para testarmos o funcionamento dessa troca de dados. Por ser uma região mais fechada, ser um ecossistema de saúde restrito a uma região, teremos controle do fluxo de informações compartilhadas e o funcionamento do processo. É uma ação relevante para vermos como se dará a prática”, completa Endrigo.
A APM quer se tornar referência nesse aspecto, já que o Programa Idoso Bem Cuidado estava, de maneira geral, estruturado. Ele havia sido iniciado oficialmente em novembro de 2017, como uma plataforma tecnológica de suporte e auxílio à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em modelo similar ao do sistema de saúde inglês, conhecido como NHS. Assim, o ambiente já estava pronto para ser testado.
Além disso, neste momento sete empresas (entre sistemas de prontuários, hospitais e planos de saúde) participam de um novo projeto piloto que deve alimentar o banco de dados com informações de Saúde de, aproximadamente, 15 milhões de pacientes.
Essa nova fase de testes deve se encerrar em julho próximo, quando o convite para a integração de dados será aberto para interessados.