Muito se fala sobre o “novo cenário da saúde”, mas a inovação no setor acontece desde muito antes do que imaginamos. Antes mesmo do surgimento do SUS, diante do descontentamento com o atendimento oferecido até então pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões (IAPS), foram criados os planos de saúde, na década de 1950.
Em 1956, o médico Juljan Czapski fundou a Policlínica Central, em São Paulo, considerada a primeira empresa de planos de saúde no Brasil. A saúde suplementar atende hoje cerca de 47 milhões de usuários (quase 23% da população brasileira), segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), com o uso ampliado ainda mais após a criação do SUS.
Com o avanço da indústria automobilística na gestão de Juscelino Kubitschek, o acesso à saúde foi incentivado para garantir a força de produção. Em 1967, foi criada a primeira Unimed.
Após esse movimento, esperava-se melhorar o atendimento à saúde da população e acabar com as desigualdades de acesso, mas a busca por um atendimento ainda melhor, com uma população crescente, evidenciou uma parcela da população que era totalmente dependente do SUS e não tinha dinheiro para pagar um plano de saúde.
Foi em 1996 que surgiu no Brasil o conceito de “clínicas populares”. Consultas com valores de R$ 50,00 a R$ 90,00 ficaram mais acessíveis à população que aguardava o atendimento do SUS ou que não estava satisfeita com ele e conseguia arcar com consultas esporádicas. Foi criado, então, um “transbordo do SUS”.
Na Era Digital da Saúde, acelerou-se o surgimento de ferramentas e tecnologias que facilitam o acesso à saúde e trazem inovação ao atendimento. Um dos primeiros grandes marcos da entrada na Era Digital é o surgimento do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Ainda no avanço dessa nova Era na medicina, a assinatura digital surgiu para que todos os documentos, inclusive documentos médicos, como prontuários, receituários, pedidos de exame e atestados médicos fossem assinados com validação jurídica e segurança de dados.
O avanço da Saúde Digital no Brasil traz grandes benefícios aos pacientes, médicos, gestores e demais profissionais da saúde.
O paciente tem acesso à informação em saúde de forma facilitada e ampliada, atuando como personagem principal do processo de prevenção e tratamento de doenças e agravos. Os dados em saúde se integram, contribuindo para uma melhor visualização do indivíduo no centro do cuidado, com a análise e a consideração de seus aspectos físicos, emocionais, econômicos e sociais. Amplia-se a facilidade no agendamento antecipado de consultas, via internet ou telefone, além da ampliação do cuidado para áreas remotas e carentes de atendimento, através da telessaúde.
Com isso tudo, conseguimos melhorar o planejamento de atendimento do paciente para os médicos e demais profissionais do setor, diminuindo o tempo de deslocamento aos centros de saúde com a agilidade no primeiro atendimento através do teleatendimento. Toda essa oferta na área será ainda mais acelerada com a implantação da tecnologia 5G no Brasil.
Dessa forma, conclui-se que o “novo cenário da saúde” é apenas uma intensificação de estratégias e mudanças que acontecem gradativamente há pelo menos 40 anos no Brasil e no mundo. As tecnologias aceleraram o processo de digitalização da saúde, e instituições públicas e privadas já utilizam a tecnologia como forma de melhorar o atendimento do setor, diminuindo custos e ampliando o cuidado.
Rafael Kenji Hamada é CEO da FHE Ventures, uma Corporate Venture Builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação