Artigo – Compromisso com a saúde

O Sistema Único de Saúde (SUS) acaba de completar 30 anos. São três décadas de conquistas essenciais para os brasileiros. A rede pública que temos hoje realmente possui méritos inquestionáveis, como os programas de vacinação, de distribuição de medicamentos essenciais e antirretrovirais, além da possibilidade de qualquer pessoa ser atendida, um direito básico de cidadania.

Antigamente, só aqueles com carteira de trabalho podiam ser atendidos em hospitais públicos. Antes de 1988, quando da aprovação do SUS pela Constituinte, a assistência se restringia a 30 milhões de habitantes. Imediatamente após incluiu outras 70 milhões. Hoje beneficia 190 milhões de brasileiros.

Aliás, com a institucionalização dos conceitos de universalidade, integralidade e equidade, o Sistema Único de Saúde transformou-se em uma referência teórica para países de todo o mundo.

As vitórias dos últimos 30 anos são relevantes mesmo. Contudo, não podemos tapar o sol com a peneira somente porque uma parte de nossa caminhada foi trilhada. Fato é que falta muito ainda a avançar para que nossa população tenha uma saúde de acessível e de qualidade.

Neste momento de virada de governo, é fundamental ressaltar as diferenças, para que recebam o tratamento adequado. Temos de criar novos modelos de assistência para vencer as filas para consultas e cirurgias. Uma opção moderna e de resolubilidade excelente são a telemedicina e a telesaúde.

Várias nações espalhadas pelo planeta já se atentaram a essa questão, solucionando gargalos importantes. Nos Estados Unidos mesmo, mais de 70% das consultas ocorrem a distância. Isso impacta na prevenção e resposta precoce às doenças, evitando agravamento de quadros e gatos evitáveis ao sistema.

Sem falar que também há economia em transportes, redução dos níveis de poluição, trânsito com maior fluência, entre outros pontos.

No Sistema Único de Saúde, ainda temos de aperfeiçoar as relações de trabalho. É urgente a valorização de médicos e demais profissionais, inclusive para a captação de novos recursos humanos para atuar em periferias e áreas remotas.

Outra agravante a ser enfrentada pela Ministério da Saúde do Brasil é a limitação de recursos. Lei aprovada faz pouco tempo congelou a destinação para o setor por vinte anos, prevendo apenas a recomposição da inflação.

Isso precisa ser reavaliado. Todos sabemos que a inflação em saúde é muito maior do que a do supermercado, por exemplo. Mesmo porque existe investimento elevado na produção de novas tecnologias e medicamentos para o combate a doenças e para melhorar a qualidade de vida.

Enfim, poderia listar aqui uma série de mudanças a serem feitas com urgência nesse campo. Entretanto, prefiro me atar na questão da transparência, da lisura, da honestidade na gestão desse bem público. Mais do que nunca, é indispensável mão de ferro com qualquer ameaça de desvios e corrupção.

Os impostos pagos pela população devem ser vistos como sagrados, favorecendo integralmente os cidadãos brasileiros.

 

 

 

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira e Clínica Médica (SBCM)

Redação

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