Artigo – Logística e armazenamento inadequado causam prejuízos às farmacêuticas e risco à vida

No Brasil, o transporte de produtos farmacêuticos apresenta muitos desafios em razão da complexidade da infraestrutura logística, grande extensão territorial e diversidade climática do país. Não é à toa que em 2019, a Anvisa publicou a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 304/2019, que se tornou o marco regulatório do setor. Baseada nos pilares Sistema de Gestão da Qualidade, Qualificação e Validação e Rastreabilidade, a resolução é uma resposta das autoridades brasileiras em relação à proteção da saúde da população e a garantia da qualidade dos medicamentos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) aproximadamente 50% das vacinas produzidas, em todo o mundo, atingem seus destinos deterioradas, e sem condições de uso, devido as variações de temperatura durante o transporte e armazenagem. Isso compromete a qualidade das mercadorias e causa possíveis riscos à saúde.

Para viabilizar as operações de distribuição dos produtos da cadeia do frio, as indústrias tiveram que desenvolver soluções que garantissem as características dos produtos. A maioria das empresas está acostumada com o atual modelo de data logger, que é um coletor de dados eletrônico que registra o tempo e a localização da mercadoria que está sendo transportada dentro de um caminhão, por exemplo.

As amostras deste aparelho são bem dinâmicas e seguem uma linha por minuto que se mostra eficiente em determinadas ocasiões de transporte. Porém um dos grandes entraves desta tecnologia é a falta de checagem no ponto final de entrega. Ou seja: se houver uma variação maior do que a permitida durante algum momento do transporte, existe um enorme risco da carga ficar comprometida, pois o ponto crítico de sistemas com data loggers é justamente não transmitir os dados em tempo real. Assim não é possível agir quando a isso acontece ou está prestes a acontecer.

Atualmente no mercado da cadeia do frio, existem outras soluções de monitoramento surgindo que podem ser mais eficientes que o data logger. A Bosch, por exemplo, desenvolveu para a indústria o monitoramento inteligente da cadeia fria. A solução de IoT (Internet das Coisas) permite a visibilidade completa de cargas sensíveis durante todas as etapas da cadeia logística, assegurando a qualidade do produto até a ponta e fazendo com que empresa contratante cumpra os marcos regulatórios, determinados pela Anvisa.

Diferentemente das medições por data logger, a solução da Bosch monitora as condições da carga em tempo real durante todo o processo logístico – desde a fabricação até a ponta. Na prática, sensores são instalados e programados para transmitir dados para um dispositivo intermediário chamado gateway, que envia os parâmetros coletados para a nuvem. Com os dados na nuvem, uma plataforma inteligente mostra informações em tempo real, de forma clara para os agentes da central de monitoramento e controle operacional, que está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. Isso significa que os agentes estão sempre atentos ao processo, permitindo que decisões assertivas sejam tomadas de forma rápida, frente aos indícios de eventos irregulares, como variações de temperatura e umidade. Ou seja, com o monitoramento e transmissão de dados em tempo real é possível tomar ações antes que os produtos sofram qualquer tipo de alteração.

Esse tipo de tecnologia pode ser imprescindível para a distribuição das vacinas contra o Covid-19 e de medicamentos termolábeis (sensíveis à ação da temperatura e que requerem armazenamento sob refrigeração entre 2ºC e 8ºC).

Na Europa, esta solução já é consolidada e utilizada por empresas de transporte de carga em todos os modais, para o monitoramento inteligente de mercadorias sensíveis à variação de temperatura, entre elas, produtos farmacêuticos. Dentre os benefícios do serviço estão o ganho de eficiência, o que envolve tempo e recursos, além de maior assertividade na gestão de ações que garantem a integridade das remessas transportadas. Assim é mais uma vez a alta tecnologia aliada a inovação garantindo os processos de eficazes que beneficiam a logística e a armazenagem de produtos e consequentemente preservando à saúde da população.

 

 

 

 

Alexandre Boldrin Ferreira é responsável por Vendas, Marketing e Produtos da divisão Bosch Service Solutions

Redação

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