Artigo – O amor da minha vida

Minha paixão sempre foi a medicina, aliás, um amor correspondido. Quando na faculdade, me entregava inteiramente às aulas e aos treinamentos. Os resultados vieram já na residência médica: conquistei o primeiro lugar. Movia-me, como ocorre até hoje, o desejo por conhecimento de excelência para dispensar o melhor atendimento aos pacientes

É indispensável ter sonhos e garra para exercer a Medicina. Trata-se de um processo de desenvolvimento sem fim. Enfim, uma arte na qual você é eternamente um aprendiz. Ela cobra atualização permanente aos que buscam, de fato, entregar qualidade aos pacientes.

É possível buscar saber nos livros. Porém, nada é tão rico como as noites ao lado dos pacientes. Isso é algo que fiz muitas vezes desde os primeiros anos como médico, e com enorme satisfação.

Tenho orgulho e a honra de afirmar que jamais deixei um paciente meu em estado grave sozinho. O humanismo, penso eu, é o diferencial maior da boa prática e um remédio quase milagroso.

É indispensável coração e entrega para ser um bom médico. Com meus alunos, compartilho que o tempo mínimo de consulta comigo é uma hora, e pode ir bem além. Não tenho pressa, que, aliás, é inimiga da perfeição, como versa o ditado popular.

Se precisar, fico duas ou três horas com o paciente. O importante é resolver o problema dele e o retorno que isso traz não é medido no relógio.

O compromisso incondicional com o bem-estar das pessoas e a atualização são pontos-chave da Medicina. É preciso estudar demais, ter coragem para enfrentar as doenças, mesmo quando escapam da lógica científica, e até de lutar contra o desconhecido, como ocorre agora com a Covid-19.

Essa é minha forma de clinicar, usando à exaustão os cinco sentidos e com gratidão à vida. Cuidar, participar dos processos de restabelecimento e cura exigem dedicação plena às pesquisas, às publicações, aos atendimentos. Precisa haver aquele “algo mais” para ser médico. É a Medicina que escolhe o indivíduo.

Por essas e outras, compreendo que os médicos, de forma geral, merecem respeito e reconhecimento. Não falo por mim; já tenho décadas de estrada e a vida resolvida.

Olho demais aos mais jovens: eles devem ganhar de maneira condizente com a responsabilidade e atuar em condições dignas. Um país como o Brasil precisa cada vez mais de médicos que resolvam. Portanto, é obrigação investir na Medicina e na Saúde.

 

 

 

 

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM) 

Redação

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