Após a pior fase da pandemia dar um “respiro” no Brasil, tenho refletido qual é o “novo normal” nas instituições de saúde. Como todos os gestores hospitalares, vivi uma experiência única nesse período, o que me trouxe muito aprendizado.
O bom de qualquer “tempestade” é saber que ela passa e, no meio dela, o mais sensato é priorizar as urgências. Mas como equalizar as prioridades em uma pandemia dentro de um hospital? Todo o ecossistema foi impactado, o que inclui a adoção e administração de novos protocolos de atendimento, novos procedimentos, criação de comitês, treinamento de equipe, aquisição de recursos extras (como EPIs, insumos, remédios), falta de suprimentos e sedativos no mercado brasileiro. Todos estes fatores tiveram que ser conciliados em único tempo e a par e passo à promoção do cuidado, à assistência e à VIDA do paciente e de cada colaborador.
De um lado, estes impactos que tivemos que manobrar simultaneamente. Do outro, a brusca diminuição das receitas, com o adiantamento ou cancelamento de até 90% das atividades eletivas, ou seja, o rombo financeiro foi e acredito ainda ser uma realidade aos hospitais privados. De acordo com a Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), os procedimentos eletivos, que foram cancelados durante a fase mais crítica da pandemia, representam cerca de 45% das receitas e ocupações dos hospitais, o que dá uma ideia da realidade.
A retomada da rotina no hospital também deve ser destaque e merece ser discutida no setor da saúde. O “novo normal” acontece gradualmente, com ainda mais cautela, planejamento, investimentos em tecnologia e inovação – devido a telemedicina evidenciada na pandemia. E o principal: colaborando para que o paciente retorne à sua jornada de cuidado e de prevenção com segurança. É também adequar-se ao novo comportamento do paciente de forma integral. Preparar-se para uma demanda reprimida gigantesca na linha de cuidados.
Todo o ecossistema da saúde está inserido no “novo normal” e é indispensável trazermos soluções, o sentido de cooperação neste ciclo que se inicia. Precisamos sobretudo discutir a sustentabilidade desta engrenagem essencial para a VIDA de todos.
Anderson Souza é administrador especializado na área Hospitalar e atua no Hospital Madrecor, em Uberlândia (MG)