Artigo – O papel do edge computing nos serviços de saúde do mundo pós-Covid

Poucos setores da economia brasileira se transformaram tanto nos últimos 18 meses como a área de serviços de saúde. Já no início de 2020, a telemedicina foi oficializada pela Resolução 2.227 do Conselho Federal de Medicina (CFM). Entre março de 2020 e agosto de 2021, foram realizados em todo Brasil mais de 7,5 milhões de atendimentos remotos (dado da Associação Brasileira de Telemedicina e Saúde Digital).

Outra prova da expansão dos ambientes digitais da área de saúde diz respeito à disseminação de dispositivos IoT em hospitais, clínicas, laboratórios e residências de pacientes. Segundo pesquisa da ResearchAndMarkets realizada em 2020, estima-se que o uso dessa tecnologia na vertical saúde deva crescer 39% até 2025.

Da monitoração de uma UTI a aparelhos de medir pressão usados na casa do paciente, passando por tags que controlam toda a cadeia de valor que suporta o transporte e o armazenamento de vacinas contra a Covid-19, infraestruturas IoT são cada vez mais críticas para a saúde do Brasil.

As organizações desse setor estão usando a telemedicina, os wearables (vestíveis), os aplicativos móveis, os remédios com sensores e outras ferramentas para melhorar o cuidado e tratamento de pacientes. Os prestadores de serviços de saúde precisam garantir que esses serviços críticos tenham conectividade contínua e alta disponibilidade para entregar o melhor nível de cuidado, atendendo os pacientes com eficácia.

Para que esse tipo de resultado aconteça, o segmento de saúde precisa acessar, armazenar e processar dados sensíveis de pacientes de forma segura – um requisito para atender os níveis de compliance das organizações. Devido às fusões, aquisições e a proliferação de sistemas de serviços de saúde, vários hospitais e instalações que prestam serviços de saúde lutam com um ambiente TI desatualizado e sobreutilizado. O quadro fica mais complexo quando se analisa que instalações remotas – como os consultórios médicos e clínicas – muitas vezes não têm a infraestrutura necessária para dar suporte a chamadas por vídeo ou outras aplicações de telemedicina.

O edge computing é uma resposta possível para esses desafios.

Esse modelo torna local o processamento e o armazenamento de dados, permitindo que os fornecedores de serviços de saúde ofereçam aplicações conectadas e gerem análises praticamente em tempo real, ao mesmo tempo em que atendem aos requisitos regulatórios.

Cada desafio de TI dos prestadores de serviços de saúde pode ser equacionado com ajuda de soluções de Edge Computinig. Para dar suporte ao crescimento da telemedicina, as instalações de serviços de saúde têm diversas barreiras a serem superadas:

  • Segurança: As equipes de TI dos serviços de saúde estão atentas para que as novas aplicações obedeçam à legislação sobre privacidade de dados do consumidor. A descentralização das redes dos serviços de saúde e a explosão da telessaúde aumentam dramaticamente os pontos de acesso das redes para potenciais intrusos.
    Ambientes de edge com servidores de console serial e gateways seguros podem isolar os sistemas para evitar o acesso amplo à rede de qualquer ponto de entrada. Eles também possibilitam o acesso, controle e monitoramento seguro e em tempo real dos sistemas de TI, ajudando a fortalecer as redes de TI e evitar violações de dados.
  • Escalabilidade: O crescente uso da telessaúde tem aumentado a demanda por capacidade nos sites distribuídos, que em geral não estão prontos para o desafio. Dada a crescente demanda, os fornecedores de serviços de saúde precisam de soluções rápidas. Soluções modulares de data centers operando em modelo de edge computing podem proporcionar infraestrutura e capacidade de TI pré-empacotadas que podem ser implementadas e configuradas rapidamente. Isso resolve demandas urgentes, simplificando e ampliando as operações.
  • Facilidade de Manutenção: Hospitais podem ter uma equipe de TI dedicada no site principal, mas a maioria dos sites distribuídos não contam com esse apoio. Manter a disponibilidade e a conectividade da telessaúde é crítico. Aplicações de edge computing com inteligência integrada em todos os sistemas permitem que as equipes de TI detectem e resolvam problemas remotamente, reduzindo a necessidade de fazer visitas ao site remoto para resolver os problemas de TI.
  • Disponibilidade e gerenciamento térmico: As equipes de TI dos serviços de saúde precisam garantir o tempo de atividade (uptime) da rede, bem como uma conectividade ininterrupta em todos os sites distribuídos. Além disso, é necessário melhorar o gerenciamento térmico de espaços de TI pequenos, como os gabinetes de rede. Embora controlados em relação à climatização, eles enfrentam questões relativas ao controle da temperatura, da umidade e da qualidade do ar – que podem colocar os equipamentos de TI em risco de avarias pelo calor, poeira ou umidade fora de controle.

Sites de edge computing contam com gabinetes de TI que, normalmente, têm sistemas de fontes de alimentação de energia ininterrupta (UPS) monofásicas e menores, alimentadas por baterias de chumbo-ácido reguladas por válvula (VRLA).

Conforme as aplicações de telessaúde aumentam, as equipes de TI devem considerar adotar sistemas UPS trifásicos para cargas maiores ou baterias de íon-lítio que são menores e reduzem o TCO ao praticamente eliminar a manutenção e aumentar o tempo entre as trocas. Vale a pena considerar a implementação de uma refrigeração dedicada à TI, na medida em que mais equipamentos são implementados em espaços apertados que não foram originalmente projetados para aplicações de maior densidade.

O novo mundo da telemedicina distribuída exige que as empresas de serviços de saúde utilizem uma infraestrutura de gerenciamento centralizada e de rápida implementação, algo essencial para garantir a disponibilidade e que proporcione alimentação de energia e refrigeração integradas. Novas tecnologias são muitas vezes colocadas em gabinetes transformados ou áreas de acesso geral. Nesse contexto, o gerenciamento térmico integrado é essencial, protegendo os sistemas de TI dos riscos ambientais que poderiam prejudicar o desempenho e reduzir a vida útil dos equipamentos.

O mercado brasileiro já conta tanto com a expertise técnica como com as soluções que suportam essa inovação da infraestrutura digital do setor de saúde. Trata-se de modelos de referência que aceleram o avanço digital desse setor, oferecendo soluções testadas e aprovadas para cada desafio. Essa abordagem atua como um ponto de partida para configurar a nova infraestrutura de TI, acrescentando ou trocando o hardware, acessórios, softwares e serviços que forem críticos para a oferta de serviços digitais de saúde ao Brasil.

 

 

Nick Fontana é Gerente Global de Soluções para Sistemas de Edge da Vertiv

Redação

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