Artigo – Open Health e interoperabilidade: a tecnologia no apoio a doenças crônicas

As doenças crônicas são um dos principais desafios no setor de saúde. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), essas patologias são responsáveis por mais de 70% de todas as mortes no mundo, o que equivale a, aproximadamente, 15 milhões de pessoas com idade entre 30 e 69 anos.

Já no Brasil, a taxa vai para 76%, de acordo com o Ministério da Saúde. Ainda conforme o órgão federal, em 2021, cerca de 37% da população brasileira, ou 76 milhões de pessoas, sofria de pelo menos uma doença crônica, como as cardiovasculares e respiratórias, além da hipertensão diabetes, câncer, entre outras.

Nesse cenário, o potencial das inovações tecnológicas para transformar o tratamento e o cuidado de doenças crônicas é mais crítico do que nunca. Os números são bastantes preocupantes, ainda mais quando se trata desse tipo de patologia, que é caracterizada como uma condição de longa duração e, por isso, exige acompanhamento contínuo e frequente. Na busca por tratamentos específicos, o setor de tecnologia vem criando soluções inovadoras ao longo dos anos. E este avanço tem focado cada vez mais no tratamento de doenças crônicas.

Entre as inúmeras conquistas da área da saúde, a telemedicina foi, sem dúvida, um dos grandes marcos na evolução do tratamento e foi intensificada durante a pandemia da Covid-19. A prática foi extremamente positiva, mas, assim como qualquer tecnologia na atualidade, foi ficando obsoleta. E o motivo dessa defasagem é bem simples: novas soluções vão sendo desenvolvidas, ao passo em que diferentes necessidades vão aparecendo. Vimos a telemedicina representar um avanço significativo e agora outras tecnologias emergentes, como a Realidade Virtual, estão ganhando destaque como soluções poderosas para o tratamento de doenças crônicas.

Entre as demandas mais exigidas no setor de saúde, por exemplo, é a criação de um sistema digital integrado com informações do prontuário médico de cada paciente, permitindo que os profissionais da saúde possam ter em mãos o histórico de resultados dos últimos exames e procedimentos do paciente. O modelo, que é baseado no conceito de interoperabilidade, poderia apoiar – e muito – no tratamento de quem sofre com doenças crônicas principalmente. Esse seria um requisito mandatório para a adoção do que chamamos de ‘Open Health’, ou ‘saúde aberta’, em tradução livre.

Em outras palavras, esse tipo de sistema é definido por uma abordagem colaborativa e transparente no setor, que envolve o compartilhamento aberto de informações, conhecimentos e recursos relacionados à saúde. Com a plena operação deste sistema, é possível levantar indicadores, chamados de KPIs (Key Performance Indicators, em português, Indicadores-Chave de Desempenho) para medir o progresso, a eficácia e o impacto das iniciativas relacionadas a este tipo de patologia.

Nesse contexto, com a utilização eficaz da tecnologia, é possível avaliar a proporção de pacientes com doenças crônicas que são readmitidos em hospitais em um determinado período e, neste caso, reduzir as reinternações, o que significa um cuidado mais eficiente e, consequentemente, uma melhor gestão da doença.

Por meio de plataformas também é possível informar a proporção de pacientes que seguem adequadamente o tratamento prescrito, bem como acompanhar a taxa de adesão global ou segmentada por tipo de doença, idade ou outros fatores relevantes. Desta forma, o médico teria uma visão mais ampla dos tipos de cuidados adotados por outros profissionais, por meio da disponibilização destas informações.

Outro fator importante neste modelo é poder avaliar se os pacientes têm utilizado consultas remotas, promovendo aos médicos um acompanhamento mais amplo do ciclo de tratamento. Tudo isso promoveria resultados personalizados, atendendo, assim, as necessidades de uma região ou em proporção global.

Por meio do conceito “aberto” do Open Health, teremos, enfim, a disponibilidade pública e de livre acesso a dados, pesquisas, tecnologias e práticas relacionadas à área da saúde. Por isso, é de extrema importância tirarmos este projeto do papel e colocarmos em prática, para que milhares de pessoas, no país e no mundo, tenham acesso a um tratamento de qualidade.

Neste sentido, abrimos espaço para a colaboração contínua e mútua entre profissionais de saúde, tecnólogos e formuladores de políticas para garantir que novas tecnologias sejam aplicadas de maneira eficaz e ética visando proporciona qualidade de vida e dignidade às pessoas.

 

 

 

 

Kefreen Batista é diretor executivo de tecnologias na Globant, empresa nativa digital focada em reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras

Redação

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