Doenças autoimunes podem acometer diversos órgãos do corpo humano. Os rins, por exemplo, que desempenham o papel de filtro, eliminando as toxinas e auxiliando também no controle da pressão sanguínea, são afetados por algumas destas enfermidades.¹ É o caso Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), que pode atingir o funcionamento de vários órgãos, como a pele, articulações, rins, dentre outros³.
O LES é mais comum em mulheres com idade entre 15 e 44 anos e a inflamação dos rins ou Nefrite Lúpica (NL), é observada com frequência ⁴. A NL é uma das complicações mais graves do LES, e pode apresentar diferentes graus de gravidade ou até mesmo ser assintomática nas fases iniciais ⁵.
Estudos apontam que até 50% dos pacientes com LES poderão desenvolver NL durante o curso da doença ⁶. O diagnóstico é baseado em achados clínicos e laboratoriais e/ou perda de função renal ⁷.
Apesar de algumas vezes a NL não apresentar sintomas, a pessoa pode desenvolver edema ou inchaço nos pés ou pernas e urina espumosa ⁶. É comum também haver alteração da pressão sanguínea ⁶.
A inflamação nos rins dos paciente com LES é uma preocupação dos médicos reumatologistas e nefrologistas, principalmente, devido a sua evolução. A enfermidade pode levar a doença renal terminal com necessidade de diálise e transplante renal5.
Nos dias atuais, é possível contar com uma gama de opções de tratamentos, de diferentes classes terapêuticas para o controle do LES. O manejo da Nefrite Lúpica envolve o uso de medicamentos imunossupressores, além de glicocorticoides e, recentemente, o desenvolvimento das tecnologias terapêuticas, os imunobiológicos.6
Medidas adicionais no tratamento da NL também são muito importantes, tais como controlar a pressão arterial, a dislipidemia, os distúrbios da glicose, rastrear e tratar infecções e ter adesão ao tratamento proposto pela equipe médica assistencial ⁸.
Professor Dr. Odirlei André Monticielo é Chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) e diretor científico da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)
Referências:
- SOCIEDADE CATARINENSE DE REUMATOLOGIA. Quais partes do corpo as doenças reumáticas podem afetar? Disponível em: screumatologia.com.br/quais-partes-do-corpo-as-doencas-reumaticas-podem-afetar. Acesso em: 28 de setembro de 2021.
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. Compreendendo os rins. Disponível em: www.sbn.org.br/o-que-e-nefrologia/compreendendo-os-rins. Acesso em: 28 de setembro de 2021.
- MINISTÉRIO DA SAÚDE – Lúpus: Causas, Sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção. Disponível em: antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/lupus. Acesso em: 28 de setembro de 2021.
- DINÁMERICA, CARLA KOBAYSAHI. Incidência e perfil clínico da nefrite lúpica nos pacientes submetidos à biópsia renal entre 2007 e 2012 em um hospital de referência em nefrologia no Estado da Bahia. Acesso em: 30 de setembro de 2021.
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) – Cartilha da SBR. Disponível em: www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/lupus-eritematoso-sistemico-les-cartilha-da-sbr/. Acesso em: 30 de setembro de 2021.
- LUPUS FOUNDATION OF AMERICA. What is lupus nephritis? Disponível em: < www.lupus.org/resources/what-is-lupus-nephritis>. Acesso em 28 de setembro de 2021.
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. Lúpus. Disponível em: www.sbn.org.br/orientacoes-e-tratamentos/doencas-comuns/lupus. Acesso em: 28 de setembro de 2021.
- KLUMB, EVANDRO MENDES. Consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia para o diagnóstico, manejo e tratamento da nefrite lúpica. Acesso em: 30 de setembro de 2021.