Artigo – Revolução 4.0 na saúde e as novas competências de gestão

Como CEO de um hospital de alta complexidade, repenso quase diariamente meu papel de gestor na área da saúde – principalmente em um cenário de transformação constante como o criado pela indústria 4.0. É preciso capacidade de adaptação, inteligência emocional e visão estratégica, mas acima de tudo é necessário entender o papel de cada profissional nessa evolução do mercado. O assunto apareceu de maneira incisiva nos debates do 9º Encontro Paranaense da Saúde e foi ressaltado, inclusive, na palestra magna, conduzida pelo jornalista Alexandre Garcia.

Segundo ele, a transformação do país está em nossas mãos. Acredito que essa visão também é muito aplicável em nossas empresas e hospitais, e no sistema de saúde brasileiro como um todo. Vivemos em um mercado em constante evolução, o que demanda, de forma primordial, interesse das pessoas em fazer com que as coisas aconteçam. Mas como nossas empresas podem contribuir para promover esse avanço dentro de um seguimento completamente multidisciplinar como o da saúde, que envolve pelo menos 14 profissões regulamentadas e agentes formados em épocas completamente diferentes?

Essa pergunta norteou o painel moderado por mim e que tinha como tema as “Novas competências do gestor da saúde na indústria da transformação 4.0”. Na ocasião, dividi o palco com o médico cardiologista e representante da IBM Watson Health HOPE para a América Latina, Dr. Miguel Archanjo de Souza Aguiar Netto, e com o diretor executivo do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs), Luiz Felipe Costamilan. Ambos destacaram que com o volume de dados produzidos diariamente, a prática médica e a tarefa de promover saúde passam por profunda transformação.

O desafio, de acordo com Dr. Aguiar Netto, está em treinar as pessoas para essa nova realidade, porque toda incorporação de tecnologia que não tem os profissionais envolvidos de maneira direta, resulta na não adoção ou na adoção parcial – o que também não é eficiente. Na visão de Costamillan, o sucesso depende de nossa capacidade de superar conflitos de geração. Porque ainda existem pessoas em nossas organizações que mantém o costume de anotar tudo no papel e só depois registrar as informações no sistema. A sobrevivência vai depender justamente da abertura à inovação, tanto tecnológica quanto organizacional.

O que precisamos ter em mente é que, apesar de toda a tecnologia surgindo com a revolução 4.0, as pessoas continuam sendo a essência de tudo. Nossos pacientes detém cada vez mais informação, são constantemente empoderados, desejam protagonizar o cuidado e querem ser vistos não mais como uma população: eles demandam tratamento individual. Não há mais zona de conforto e, como gestores, precisamos melhorar sempre, motivar mais e inspirar mudanças, para que nossas organizações assumam, de uma vez por todas, o papel maior no desenvolvimento de todo o sistema de saúde do país.

Claudio Enrique Lubascher é especialista em gestão de negócios com sólida atuação no setor de saúde, diretor geral do Hospital Santa Cruz, de Curitiba (PR), e também presidente do Capítulo Paraná do Colégio Brasileiro de Executivos de Saúde (CBEXs), do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF PR) e vice-presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Sindipar)

Redação

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