Testar, diagnosticar, cuidar. A pandemia da Covid-19 colocou sob os holofotes a realização de diferentes tipos de exames, em janelas de tempo exatas, para apoiar condutas médicas e a definição de protocolos.
Passamos a discutir o melhor dia para ir ao pronto-socorro após o início dos sintomas e o comprometimento de pulmões com amigos e familiares, como conversaríamos sobre assuntos do dia a dia.
E, se a população se viu aprofundada em etapas de diagnóstico e tratamentos, em suas ininterruptas horas de trabalho, dia após dia, os profissionais de saúde tiveram que mergulhar de cabeça nesses laudos para garantir que o relógio não corresse contra o organismo desses pacientes.
Somente na Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI) – gestora de serviços de diagnóstico por imagem da rede pública em São Paulo – 2020 contabilizou 73,2 mil tomografias com o objetivo de auxiliar o diagnóstico de Covid-19. É como se, a partir do final de fevereiro do ano passado, com a confirmação do primeiro caso da doença, uma média de nove laudos fossem emitidos por hora até a chegada de 2021.
Sabendo da importância dos exames de imagem nos atendimentos de Covid-19, a FIDI também esteve presente no Hospital de Campanha do Ibirapuera e instalou sete containers para a realização da tomografia computadorizada à distância em hospitais da rede pública de São Paulo, que permitiram preparar 23 mil laudos.
Atribuímos a possibilidade de realizar um alto número desses exames à implantação de um sistema automatizado que ajuda a priorizar o atendimento a pacientes com suspeita de contaminação pelo vírus, de forma a reduzir o tempo de atendimento no sistema público de saúde de São Paulo. Para se ter uma ideia, a tecnologia – uma dentre as tantas que se mostraram fundamentais nessa pandemia – economizou 60.710 horas dos profissionais de saúde. Um ganho inestimável para uma categoria tão sobrecarregada e para milhares de paulistas.
Com a solução automatizada, as tomografias computadorizadas de tórax de pacientes na emergência e de internados são laudadas de maneira mais rápida pela equipe médica da FIDI, com redução de 22% e 16% do tempo, respectivamente. Para exames ambulatoriais, a resolução é dada com antecedência de 55% do tempo usual.
Além de equipamentos e tecnologias, é claro, os pacientes com suspeita e confirmação de Covid-19 necessitaram da expertise de profissionais que soubessem compreender as imagens dos exames e prestar atendimento de qualidade. Nesse sentido, então, foi o momento de dedicar mais tempo, e não economizar esforços em capacitações e qualificações. Ao todo, empenhamos quase 122 mil horas em treinamentos para os colaboradores em 2020.
Não há uma conta exata, mas é muito claro para nós que esse aprofundamento no conhecimento também possibilitou atendimentos mais breves e adequados a esses pacientes.
Se há um ensinamento que a pandemia nos trouxe é o de que, mais do que verba, a saúde pública precisa ganhar celeridade, pois o relógio de certas doenças corre mais rápido do que o nosso.
Tatiana Hesser é superintendente de Gente & Gestão da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI)