Artigo – Tecnologia eficiente e acessível, saúde de qualidade para todos

A saúde é uma necessidade humana básica, garantida pela Constituição Brasileira, regimentada e pautada na ciência. Todos têm direito a receber o melhor no que diz respeito a tratamentos médicos. Entretanto, sabemos que os avanços tecnológicos e processuais não são implementados no setor de saúde pública com a mesma velocidade que no setor privado, justamente pelas regras de regulamentação e homologação. Embora a morosidade seja justificável, determinados avanços precisam romper a barreira da homologação tradicional, sendo mais ágeis em suas implementações, sem burlar em nenhum nível os critérios de regulação e segurança da informação e ética.

É o caso da Inteligência Artificial para a saúde. Esta é uma modalidade na tecnologia que está avançando a passos largos no setor de saúde há mais de uma década e que hoje começa a trazer benefícios, não apenas na compilação de dados de pesquisa, mas também como recurso para tomadas de decisões mais assertivas.

Mesmo com uma aceitação mais evidente, com escala de utilização e validação em sua assertividade, a Inteligência Artificial para saúde ainda é uma matéria em desenvolvimento tanto na academia geral como na mesa dos especialistas. Seu uso operacional ainda incita muita dúvida sobre como e onde aplicar tais recursos tecnológicos de análise de dados, uma vez que regras claras de segurança e proteção de dados não são bem detalhadas nos textos jurídicos e muito menos nas regras de processamento dessas informações. E isso não é uma situação exclusiva do Brasil: é uma pauta global e ascendente nos últimos anos.

Além disso, a imaturidade da informação digital e da digitalização dos processos (dados estruturados para uso em AI) é uma barreira para a efetiva utilização em larga escala de soluções que tratam os dados da saúde (seja do paciente ou seja do sistema de saúde) com inteligência artificial.

Olhando para as restrições, totalmente coerentes na adesão e desenvolvimento de toda e qualquer tecnologia, o que provoca um grande contra-argumento é o fato de que o uso de algoritmos de Machine Learning na análise dos processos e procedimentos da saúde oferece uma velocidade nos entendimentos comuns e melhora muito a eficiência dos times assistenciais e a assertividade dos especialistas, que passam a ter mais tempo na gestão do cuidado e não mais na leitura e análise de números aglomerados nos diversos setores e drives de dados dos pacientes e instituições de saúde.

Desde 2010, a Robô Laura está sendo desenvolvida e ajustada para atender a operação médica hospitalar, com o intuito de potencializar a capacidade, que é exclusivamente humana, de diagnóstico e cuidado. Em 2016, entrou em operação no primeiro hospital privado e desde então está presente em dezenas de instituições, sendo homologada cientificamente a sua capacidade de suporte à decisão das equipes médicas e assistenciais, para todos os pacientes internados, independente se assistidos em UTI ou não.

A parceria com a RNP, pelo Acordo de Cooperação Tecnológica (ACT) com o MCTIC, é um avanço que visa garantir dois principais fatores tratados, até aqui, como empecilhos: assegurar 1) uma ferramenta segura de processamento de dados e 2) um recurso de alta performance, acessível a saúde pública. O objetivo da parceria é garantir que com a mesma velocidade, e talvez pela primeira vez no nosso país e no mundo, antes do setor privado, a saúde pública no Brasil tenha tecnologia de ponta à disposição, agregando valor ao trabalho dos profissionais e gerando otimização de recursos para o setor que tanto precisa desse tipo de atenção.

Meu ativismo sempre foi democratizar o uso de inteligência artificial no mundo, começando pelo nosso país. E apesar deste projeto ter se iniciado a partir de uma tragédia pessoal, com falecimento de minha filha em 2010, ter desenvolvido esta solução nestes últimos 10 anos e estabelecer esta significativa parceria com uma organização federal – para homologar e levar o recurso para todos cidadãos, faz efetivamente valer todo esforço e lágrimas empregados nesse propósito de vida.

Jacson Fressatto é criador da Robô Laura e presidente do Instituto Laura Fressatto

Redação

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