Artigo – Wearables ganham importância na área da saúde

Nos anos 1990 começaram a se popularizar os chamados wearables, expressão que pode ser traduzida como “vestíveis”. São equipamentos, em geral relógios e pulseiras, que podem coletar, processar e armazenar dados, especialmente sobre atividades físicas realizadas, batimentos cardíacos, pressão arterial, temperatura e outros, sinalizando possíveis anomalias ou simplesmente servindo como guia para uma vida mais saudável.

A maior parte desses equipamentos, porém, não tem o aval das autoridades de saúde pública para serem utilizados como ferramentas “oficiais” de acompanhamento e diagnóstico. Mais recentemente, porém, começam a surgir exceções, como em 2018 quando a Empatica recebeu autorização do FDA (US Food and Drug Administration) no sentido de que seu relógio inteligente monitorasse convulsões, alertando cuidadores quando necessário. No Brasil, em agosto de 2020, a Anvisa aprovou dois aplicativos processados por equipamentos Samsung para eletrocardiogramas e monitoramento de pressão arterial.

Autorizações como essas vêm sendo concedidas a outros equipamentos por diversos países e podem vir a se tornar importantes ferramentas para prevenção e tratamento de doenças, especialmente em tempos como estes, quando muitas pessoas optam por não procurar atendimento médico por temerem contágio pela Covid-19.

A BBC confirma essas informações, dando conta de que no Reino Unido aconteceram quedas brutais nos números de consultas, exames e cirurgias e, consequentemente, aumento de mortes causadas por infarto, câncer e acidente vascular cerebral, por exemplo.

Esse fato, somado ao aumento de 26% nos casos de ansiedade registrados em 2020, segundo a conceituada revista médica The Lancet, gera um cenário onde o uso de wearables na prevenção e tratamento de problemas de saúde pode aumentar bastante.

Nessa linha, estão em desenvolvimento pesquisas no sentido de tornar os wearables ainda mais úteis, gerando estímulos para melhoria do sono, criando óculos para ajudar a evitar colisões com obstáculos ao sinalizar a presença destes, aperfeiçoando exoesqueletos, estruturas robóticas ligadas ao corpo que possibilitam movimentos precisos, gastando menos energia do usuário na execução de tarefas penosas e permitindo que deficientes físicos se movimentem de forma quase normal etc.

Vale comentar que todos os dados coletados pelos wearables podem, caso os usuários concordem, serem compartilhados. Esses dados podem, por exemplo, informar as unidades de saúde locais sobre um aumento repentino no número de casos de determinada doença, assim focando os esforços em prevenção naquela região.

O compartilhamento dos dados pode também auxiliar equipes médicas durante emergências, usando o histórico de registros do dispositivo como base para determinar os melhores procedimentos.

Também é importante registrar que devem ser tomados cuidados acerca da privacidade dos usuários – vazamentos de dados podem ser perigosos. As forças armadas americanas proíbem o uso de dispositivos desse tipo em áreas sensíveis, pelo temor que seus usuários possam ter seus movimentos seguidos por possíveis inimigos enquanto transitam por essas áreas.

Os wearables não capazes de substituir as consultas médicas ou prescrever medicamentos, mas o uso dessas tecnologias emergentes, aliado aos grandes volumes de dados coletados que podem ser analisados por ferramentas de inteligência artificial, por exemplo, podem abrir novas fronteiras na área da saúde, sem contar que o uso dos wearables pode gerar em seus usuários mais engajamento com relação aos cuidados com sua própria saúde.

Sergio Santos Garcia é Mestrando em Computação Aplicada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua na área de desenvolvimento de sistemas do grupo Boticário

Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor do Programa de Mestrado Profissional em Computação Aplicada da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Redação

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