Aumento da capacidade de UTI no Brasil é de 4,5%

O especialista em tecnologia e inovação, Arthur Igreja, TEDx speaker, certificações em Harvard e Cambridge, atuação profissional em 25 países e professor convidado da FGV, fez uma análise bem específica sobre o avanço do Coronavírus em cada região do Brasil.

Ele cruzou o índice de risco do coronavírus em cada estado, a taxa de ocupação dos leitos de UTI disponíveis, o número de casos em âmbito estadual e o número de óbitos para cada 100 mil habitantes.

“Busquei uma forma de comparar cada estado para entender a gravidade da crise em cada parte do Brasil e quais eram as diferenças. Não faz sentido avaliar a média, número total de casos ou mortes para o país como um todo, nosso território é tão gigante quanto nossas desigualdades”, explica.

Com esse estudo, ele conseguiu chegar a um nível de risco onde dividiu em:

MUITO ALTO (acima de 100 pontos):

Amazonas (159 pontos)Pernambuco: (103 pontos)

ALTO (entre 75 e 100 pontos)

Rio de Janeiro (83 pontos)
Ceará (77 pontos)

INTERMEDIÁRIO (entre 50 e 75 pontos)

São Paulo (52 pontos)

CONTROLADO (abaixo de 50 pontos)

Maranhão (36 pontos)
Pará (27 pontos)
Espírito Santo (17 pontos)
Paraíba (8 pontos)
Acre (6 pontos)
Alagoas (6 pontos)
Rio Grande do Norte (6 pontos)
Bahia (5 pontos)
Rio Grande do Sul (4 pontos)
Minas Gerais (4 pontos)
Piauí (3 pontos)
Santa Catarina (2 pontos)
Paraná (2 pontos)
Mato Grosso (1 ponto)
Mato Grosso do Sul (1 ponto)
Sergipe (1 ponto)

*Amapá, Distrito Federal, Goiás, Rondônia, Roraima e Tocantins não disponibilizaram dados suficientes para um comparativo completo.

Número de óbitos

De acordo com o especialista, a média nacional é de 1,78 óbitos para cada 100.000 habitantes. Com isso, fica evidente que os estados mais atingidos são: Amazonas (8,46 mortes), Pernambuco (5,31), São Paulo (4,46), Ceará (4,41) e Rio de Janeiro (4,27).

A média para os demais estados (excluindo AM, PE, SP, CE e RJ) é de 0,96 óbitos para cada 100.000 habitantes.

As unidades de UTI por Estado do Brasil

Com base nos dados divulgados em 2018 pelo Conselho Federal de Medicina (*esse é o dado mais recente disponível pelo CFM), foi possível verificar a disponibilidade de leitos de UTI para cada 100.000 habitantes.

“Esse número aponta uma desigualdade regional. Enquanto a região Sudeste tem em média 2,72 leitos, a região Centro-Oeste possui 2,39 e a região Sul conta com 2,14 enquanto na região Nordeste o número cai para 1,44 e no Norte para 1,23”, explica.

Conforme Igreja, com relação aos leitos de UTI que seriam instalados emergencialmente, o Ministério da Saúde anunciou há mais de 40 dias que seriam adicionados 2.000 unidades para combater o coronavírus.

“Contudo, até o momento atual, apenas 350 tinham efetivamente sido instalados (17,5% da promessa), sendo que 15 estados não foram contemplados. A justificativa do governo é a escassez de respiradores no cenário internacional”, ressalta. Para o especialista, o levantamento do CFM totalizava 44.253 leitos no Brasil. Mesmo que todos os 2.000 novos leitos tivessem sido entregues, o aumento na capacidade instalada seria de apenas 4,5%.

“A quarentena tem como objetivo proteger a vida de quem tem mais risco e ganhar tempo com o achatamento da curva de contágio para que o governo aumentasse a estrutura de atendimento”, completa.

Amazonas apresenta 96% de ocupação dos poucos leitos disponíveis, Maranhão 96,4%, Ceará e Pernambuco 98%. O Rio de Janeiro está com uma taxa de ocupação de 92% sendo que é um dos estados com mais leitos disponíveis. Isso ocorre, pois possui a maior densidade demográfica do Brasil depois do Distrito Federal com 394 habitantes/km².

“Não podemos analisar o Brasil como um todo no combate ao coronavírus. Em razão disso é natural em alguns lugares encontrar percepções de que a gravidade da situação é baixa, enquanto em outras há um desespero bem maior”, diz.

Igreja ainda explica que não adianta ter muita estrutura hospitalar caso a pessoa esteja longe dela. Vários estados são maiores do que muitos países na Europa, sendo assim, é inviável remanejar pacientes.

“Não existe nada a comemorar se uma região apresenta um índice mais baixo do que a média nacional. Estamos quase entrando em maio e o ápice da crise está em Manaus, Fortaleza e Recife. Se tem algo em comum nesses lugares é o calor”, comenta.

E conclui: “se vários estados não divulgam informações básicas pode-se analisar que ou não querem informar porque não convém ou não tem o número e estão gerindo uma crise às escuras”.

Redação

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