Aumento de casos de sífilis durante a pandemia preocupa especialistas

No Dia Nacional de Combate à Sífilis, celebrado, anualmente, no terceiro sábado do mês de outubro, especialistas do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas ‘Dr. João Amorim’ alertam para o aumento nos casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos.

Em decorrência do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, pacientes infectados com a doença deixaram de procurar os serviços de saúde ao manifestarem sintomas. Conforme o Ministério da Saúde, entre janeiro e junho de 2020, foram registradas 49 mil ocorrências de sífilis, transmitida, principalmente, por meio do contato sexual sem o uso de preservativos.

De 2010 a 2020, o Brasil registrou 783 mil casos da doença, que segue crescendo de forma expressiva, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A sífilis atinge, principalmente, a população masculina, que representa 59,8% dos casos. As mulheres, por sua vez, somam 40,2%, mas merecem uma atenção especial, já que muitas revelam sintomas durante a gestação, aumentando o risco de contaminação de recém-nascidos.

O urologista Renato Fidelis Ivanovic, que atende na AMA Especialidades Jardim São Luiz e na AMA 24 horas Capão Redondo, ambas gerenciadas pelo CEJAM, destaca que a doença é traiçoeira, pois a lesão genital que surge no início da doença – sífilis primária – não dói e cicatriza sozinha.

“Nesta fase, muitas pessoas deixam de tratar e permanecem com o agente causador no organismo, resultando nas fases secundária e terciária. Quando isso acontece, o grau de suspeita diagnóstica do médico precisa ser alto, já que o quadro clínico é variável, podendo ser cutâneo, neurológico e, até mesmo, cardíaco.”

Prevenção

Geralmente, a sífilis se apresenta como uma pequena ferida no local de entrada da bactéria, por meio dos órgãos utilizados em práticas sexuais desprevenidas, como pênis, vagina, colo uterino, ânus e boca.

A doença é classificada pelas fases primária, secundária, latente ou terciária, e tem como principais sintomas manchas, pápulas e outras lesões no corpo, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés, além de febre, mal-estar, dores de cabeça e ínguas, que podem surgir de 10 a 90 dias após o contágio.

De acordo com o ginecologista Gilberto Nagahama, consultor do Programa Parto à Mãe Paulistana, a melhor forma de evitar a infecção é por meio das relações sexuais protegidas e seguras.

“Todas as pessoas que mantêm atividades sexuais ou se expõem a relações desprotegidas também devem fazer regularmente exames para ISTs, que são oferecidos de forma gratuita e sigilosa em toda a rede pública.”

Tratamento

Apesar de os homens apresentarem maior disposição à doença, Dr. Fidelis explica que o tratamento é o mesmo para ambos os sexos. Para que haja a quebra deste crescente ciclo de transmissão, é necessário tratar adequadamente todos os pacientes diagnosticados, independentemente do gênero.

Segundo os especialistas, mesmo após o tratamento completo, é importante seguir com acompanhamento, além da testagem das parcerias sexuais dos últimos três meses para a quebra da cadeia de transmissão.

“Devemos informar a população sobre os riscos da doença, além da orientação sobre a prevenção da sífilis, que é muito efetiva. A capacitação do profissional também é fundamental para o diagnóstico precoce e adequado. Essas práticas, associadas ao manejo adequado, podem oferecer praticamente 100% de cura”, complementa o Dr. Gilberto.

Nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) gerenciadas pelo CEJAM são realizadas iniciativas para conscientização da população e orientações de prevenção da sífilis. A relação das unidades pode ser acessada pelo site cejam.org.br .

Redação

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