Mais de 30 mil brasileiras são diagnosticadas anualmente com câncer ginecológico. A estimativa para os três tipos mais comuns – colo do útero, ovário e endométrio – é de 29.900 casos anuais até 2022, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Diante desta incidência, o desafio está em reduzir a mortalidade e promover qualidade de vida para as pacientes. A boa notícia é que nos últimos anos houve avanços importantes em cirurgia, com um número crescente de mulheres, mesmo com tumores mais avançados, que podem ser operadas com chance de cura, avanços em cirurgias minimamente invasivas, melhor classificação de cada subtipo da doença, descoberta de marcadores que predizem resultado ao tratamento e outros avanços que propiciam a medicina de precisão e melhor qualidade de vida da mulher em tratamento, como, por exemplo, técnicas de preservação de fertilidade.
Este amplo cenário é o destaque entre os temas da programação do II Congresso Brasileiro de Oncoginecologia, evento gratuito e on-line, organizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) que será realizado nesta sexta-feira (20) e sábado (21), o II Congresso Brasileiro de Oncoginecologia. Participam os principais nomes do país na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento multidisciplinar dos tumores ginecológicos e expoentes dos principais centro oncológicos dos Estados Unidos e Alemanha.
De acordo com o cirurgião oncológico Reitan Ribeiro, presidente do Congresso e diretor científico da SBCO, o evento foi formatado para mostrar o quanto o tratamento do câncer ginecológico está em mutação. “Conseguimos condensar, em um programa bem focado, todos os principais avanços da área nos últimos dois anos e o que nos espera no futuro próximo”, afirma.
Avanços em câncer de ovário
O câncer de ovário é uma doença que, na maioria dos vezes, é descoberta em estágio avançado, principalmente por apresentar sintomas inespecíficos no início de sua evolução e não contar com um método de rastreamento. Os avanços em cirurgia minimamente invasiva e na estratificação dos genes alterados que levam ao desenvolvimento da doença, está possibilitando um contexto para as pacientes que contempla maior controle da doença e melhor qualidade de vida.
Sobre os recentes avanços em cirurgia de câncer de ovário, destaque para as apresentações do cirurgião oncológico Pedro Ramirez, Professor e diretor de Pesquisa e Educação em Cirurgia Minimamente Invasiva do Departamento de Ginecologia Oncológica do MD Anderson Cancer Center, dos Estados Unidos. Ele abordará o papel da citorredução, cirurgia que consiste em remover toda a doença macroscópica (visível). “Estamos observando uma melhor seleção das pacientes elegíveis e embora os procedimentos estejam mais extensos, estão menos mórbidos. Somado a isso, tem a contribuição das terapias-alvo antes ou após a cirurgia”, afirma Ribeiro.
A patologista cirúrgica e citopatologista Alessandra Schmitt da Mayo Clinic, dos Estados Unidos, trará a atualização da classificação e dos achados moleculares do câncer de ovário epitelial, que representa 9 entre 10 tumores malignos ovarianos. “Avanços que começaram com a observação do benefício de se tratar com inibidores de PARP as pacientes com mutação no gene BRCA. Um caminho que continua sendo trilhado e que provavelmente trará novidades também em imunoterapia”, vislumbra Reitan Ribeiro.
Por que a cirurgia minimamente invasiva não deve ser abandonada no câncer de colo do útero e como a cirurgia robótica pode ajudar?
Esta é a pergunta que o cirurgião Mário Leitão Jr, diretor do Programa de Acesso a Cirurgia Minimamente Invasiva do Serviço de Ginecologia do Memorial Sloan Kettering, dos Estados Unidos, responderá em sua apresentação no Congresso. Em tumores ginecológicos, a cirurgia robótica é indicada principalmente para câncer de endométrio. “O controle de doença é igual, mas o procedimento resulta em menos tempo de internação por conta de menos sangramento e retorno mais rápido da paciente a sua rotina normal”, avalia Reitan Ribeiro.
Referência mundial em cirurgias que resultam em Ressecção Lateral Estendida da Pelve (LEER), o cirurgião Michael Höckel, da Universidade de Leipzig, na Alemanha. “Em sua aula, ele demonstrará o quanto pacientes com câncer de colo do útero, antes inoperáveis, agora são elegíveis, inclusive em casos de recidiva”, aponta Reitan Ribeiro.
Com programação robusta, o evento inclui aulas sobre linfonodo sentinela em câncer de colo do útero, quando aumentar ou reduzir a radicalidade na cirurgia de câncer do colo uterino, classificação molecular do câncer de endométrio, papel da HIPEC no câncer de ovário recidivado; quando, como e por quê reduzir a avaliação genética em pacientes com tumores ginecológicos.
Paralelamente, também on-line, acontece o II MoonShot Brasil Sul – VIII Congresso Internacional do IOP, com módulos de câncer de mama, melanoma, pele, tórax, gastrointestinal, uro-oncologia e um painel multidisciplinar.
Informações e inscrições gratuitas: www.oncogineco2020.com.br