Brasil pode aprovar teste genômico que evita quimioterapia em mulheres

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai abrir consulta pública para a introdução, no Brasil, de um novo teste genômico que pode evitar o encaminhamento de mulheres com câncer de mama em estágio inicial para tratamento de quimioterapia. A previsão é que a consulta aconteça em outubro, mês em que se comemora a campanha do Outubro Rosa.

Os resultados de um programa de experiência clínica (PONDx) do Oncotype DX Breast Recurrence Score, desenvolvido pela fornecedora líder de exames para rastreamento e diagnóstico de câncer, Exact Sciences, foram apresentados no congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) de 2020.

O estudo, que teve uma parcela realizada no Brasil em pacientes tratadas no Hospital Pérola Byington, centro de tratamento ao câncer de mama, revelou que cerca de 69% das pacientes brasileiras, que inicialmente tinham sido recomendadas a receber quimioterapia, foram poupadas e receberam terapia hormonal isoladamente. Elas foram poupadas de efeitos colaterais, como fadiga, náuseas, perda de cabelo, entre tantos outros, além de grande benefício econômico para o Sistema Único de Saúde (SUS).

“O teste Oncotype DX possibilita uma avaliação prognóstica e preditiva das pacientes, ou seja, além de conseguirmos identificar se há a possibilidade de recorrência da doença nos próximos 10 anos, também conseguimos avaliar se o tratamento por quimioterapia é o mais indicado para aquela paciente”, diz o Diretor médico da Exact Sciences para América Latina, Dr. Sergio Oliveira.

Como destacado no estudo, o teste desenvolvido pela Exact Sciences e comercializado pelo Grupo Fleury no Brasil, demonstra uma mudança de prática no uso de quimioterapia e evita o excesso de sobretratamento. “Além de conseguirmos identificar quais pacientes de fato se beneficiarão da quimioterapia, observamos também um melhor uso dos recursos de saúde”, comenta o médico.

Para esta etapa, é fundamental a divulgação expressiva dos benefícios do teste, a participação de médicos e pacientes, além do apoio de organizações ligadas ao tema. “É importante que as pessoas saibam dessa consulta, entrem no website da ANS (www.ans.gov.br) e deixem seus comentários técnicos ou não, para que o acesso e cobertura a esse tipo de exame seja ampliado, e dessa forma mais pacientes sejam beneficiadas com o teste e seus resultados”, afirma Oliveira.

Programa PONDx no Brasil

Das 155 pacientes tratadas no Brasil entre agosto de 2018 e abril de 2019, 70% foram classificadas como portadoras de doença de alto risco com base em parâmetros clínicos tradicionais, e a maioria apresentava tumores maiores que 2 cm. 151 das 155 pacientes (97%) foram inicialmente recomendadas a receber quimioterapia, além de terapia hormonal com base em características clínicas e patológicas.

Com base nos resultados Recurrence Score, 104 das 151 pacientes (69%) foram poupadas da quimioterapia e receberam terapia hormonal isoladamente. Os resultados deste hospital público demonstram que as características clínico patológicas não identificaram adequadamente as pacientes mais propensas a se beneficiar da quimioterapia. Os testes também levaram a benefícios econômicos e economia potencial, sugerindo que o teste Oncotype DX deve ser incorporado ao sistema público de saúde brasileiro.

Estes resultados estão em concordância com os achados do estudo TAILORx, o maior estudo já realizado em câncer de mama no mundo, o qual incluiu 10.273 pacientes e avaliou de maneira prospectiva e randomizada a eficácia da quimioterapia em combinação com a terapia hormonal versus a terapia hormonal isolada. Num grupo de 6.711 pacientes foi demonstrado que a terapia hormonal isolada não foi inferior à quimioterapia em combinação com a hormonioterapia. Neste estudo, cerca de 85% das mulheres acima de 50 anos foram poupadas da quimioterapia e no grupo de pacientes com 50 anos ou menos, se identificou um subgrupo de pacientes que se beneficia da quimioterapia (resultados Recurrence Score de 16 a 25).

Redação

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