Brasil realizou, no ano passado, quase 40 milhões de procedimentos médicos a menos do que no ano pré-pandemia

O ano de 2021 mostrou sinais de recuperação frente ao primeiro ano da pandemia (2020), mas fechou com déficit de 1,1 milhão de cirurgias pelo Sistema Único de Saúde, na comparação com o ano pré-pandemia (2019). O saldo também segue negativo em relação a internações para consultas, tratamentos e diagnósticos (-1,7 milhão) e exames (-35 milhões). A totalização foi de menos 37,8 milhões de procedimentos médicos. Os dados acabam de ser divulgados no Boletim Econômico da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS).

O Brasil está longe de atingir os patamares de 2019. Para o tratamento e controle do Coronavírus, o nú­mero de internações hospitalares no SUS entre janeiro e dezembro de 2021 teve um re­cuo de 0,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Percentual que fica ainda maior na comparação entre 2021 e 2019 (-14,2%). Já as cirurgias caíram 4,3% de 2021 para 2020 e 22,7% analisando os números de 2021 e 2019 (as reduções mais significativas são em cirurgias reparadoras, do sistema circulatório, obstétrica e do sistema nervoso central e periférico). Já os exames diagnósticos cresceram 20,6% entre 2021 e 2020 – impulsionados pelos testes de Covid-19 – mas ainda apresentam saldo negativo de 3,6% na comparação com o ano que antecede a pandemia. “Sinal de que exames laboratoriais e de imagens para diagnóstico de doenças em gerais estão deixando de ser feitos”, afirma o diretor executivo da ABIIS, José Márcio Cerqueira Gomes.

Internações consulta/tratamento/diagnóstico

ano qtde % ano anterior % antes pandemia (2019)
2019            12.185.384    
2020            10.502.827 -13,8  
2021            10.451.942 -0,5 -14,2

Internações cirurgias

ano qtde % ano anterior % antes pandemia (2019)
2019               4.999.381    
2020               4.037.679 -19,2  
2021               3.865.945 -4,3 -22,7

Diagnósticos

ano qtde % ano anterior % antes pandemia (2019)
2019          982.013.176    
2020          785.371.036 -20,0  
2021          947.036.991 20,6 -3,6

 

O executivo avalia que 2021 foi mais um ano desafiador para o mercado de dispositivos médicos, que apresentou sinais de recuperação nos nove primeiros meses do ano, com a retomada gradativa dos procedimentos eletivos após a vacinação da população, mas voltou a desacelerar no último trimestre, reflexo da queda no ritmo de recuperação econômica do Brasil. “Vínhamos com crescimento na produção doméstica de ‘Instrumentos e materiais para uso médico, odontológico e artigos ópticos’ na casa de dois dígitos nos três primeiros trimestres de 2021, mas o ano fechou com alta de 6,8%. No comércio exterior, o setor apresentou crescimento de 7,3% nas importações e de 4,8%, nas exportações, de janeiro a dezembro. O consumo aparente: produção nacional somada ao total das importações do período, descontadas as exportações – foi 6,9% maior do que o ano anterior”, explica Gomes.

Para 2022, a expectativa é de retomada no ritmo normal de cirurgias, mas desaceleração dos investimentos estrangeiros, que têm participado da expansão da rede de prestadores de serviços de saúde no Brasil. “O aumento dos juros nos EUA impactará decisões de investimento em diversas economias do planeta e poderá arrefecer o dinamismo das compras de equipamentos médicos. Por outro lado, será um ano promissor se o número de procedimentos eletivos voltar ao normal. A perspectiva é multo boa também para o segmento de reagentes in vitro, que tem ampliado o seu leque de produtos à disposição da população brasileira e desenvolvido novos canais de distribuição para os mesmos”, conclui o diretor executivo da ABIIS.

O Boletim Econômico ABIIS é desenvolvido pela Websetorial Consultoria Econômica.

Redação

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