O Hospital Brasília (DF) inaugurou, na terça-feira (2), uma nova unidade destinada ao atendimento de pacientes imunossuprimidos. São dez leitos que permitem ao hospital realizar Transplantes de Medula Óssea (TMO) alogênicos, aqueles em que as células transplantadas são de um doador compatível. O hospital já realiza transplantes autólogos, quando as células transplantadas são do próprio paciente.
A médica hematologista, responsável pela nova unidade, Andresa Melo, destaca a importância dos leitos para o Distrito Federal. “Hoje, no Brasil, o maior desafio dos pacientes que precisam de transplante não é a falta de doador e sim de leitos para realizar o procedimento. O Hospital Brasília coloca à disposição da cidade dez leitos. A medida, sem dúvida, vai aliviar a demanda da cidade por transplantes alogênicos, visto que só a rede pública e uma entidade filantrópica oferecem esse tratamento hoje”, explica.
Todos os quartos da unidade são privativos, o tratamento com o ar é mais rigoroso que nos quartos normais e nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), ele passa seis vezes por filtros de High Efficiency Particulate Air (Hepa), para evitar a presença de microrganismos. Dos dez quartos novos, dois estão estruturados para realizar pressão negativa, caso seja necessária precaução respiratória.
Para o presidente do Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), o médico hematologista Gustavo Betarello, o fato de o Hospital Brasília passar a realizar o TMO alogênico reduz o tempo de espera de atendimento dos pacientes que precisam do tratamento. “Um dos fatores limitantes do sucesso do transplante é você conseguir transplantar o paciente rapidamente. Algumas vezes a falta de leito é o principal obstáculo. O fato de Brasília estar abrindo dez leitos é um primeiro passo. Mais leitos podem ser abertos no futuro, mas é um bom primeiro passo” concorda. Brasília sediará, no ano que vem, a 23ª edição do Congresso da SBMTO. Será a primeira vez que a capital recebe o evento.
Além da infraestrutura de ponta, a unidade conta com uma esquipe multidisciplinar altamente qualificada formada por médicos clínicos e hematologistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, odontólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. “O paciente de Transplante de Medula Óssea é um paciente muito especial, único mesmo. Ele já traz uma bagagem, já passou pelo diagnóstico, já começou um tratamento que indicou o transplante. E esse momento é cercado de incertezas. As chances de cura são grandes, mas é um momento de suspense e é natural que seja marcado pelo medo. Portanto, é preciso uma visão geral desse paciente. Para além de uma avaliação clínica completa, precisamos de um acompanhamento psicológico e social”, contou a psicóloga Ana Luiza Guimarães, durante o 2º Fórum do Centro-Oeste em Transplante de Medula Óssea, realizado pela Sociedade Brasileira de Medula Óssea (SBMO), do qual participou toda a equipe da unidade de TMO do Hospital Brasília.
O TMO é indicado para pacientes com doenças do sangue, como alguns tipos de Leucemias, Linfomas, Mieloma Múltiplo e Anemia Aplástica Grave. O Hospital Brasília já realizou 27 transplantes de Medula Óssea autólogos em 2018, além de também ser um importante centro de transplante de fígado e rim.