Entre as diversas consequências geradas pela pandemia de Covid-19 está a falta de plasma, principal componente para a produção de medicamentos hemoderivados, entre eles, a imunoglobulina, medicamento essencial no tratamento de 70-80% das doenças que fazem parte do grupo dos Erros Inatos da Imunidade/Imunodeficiências Primárias.
Por isso, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) está à frente de uma campanha para atualizar a legislação vigente, visando facilitar e estimular a captação de plasma e possibilitar a produção de medicamentos hemoderivados no Brasil: #plasmajabrasil
Por causa da pandemia, a coleta de plasma apresentou uma queda mundial, inclusive nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, que são os maiores coletores do mundo da matéria-prima da imunoglobulina.
A captação de plasma é feita preferencialmente por plasmaferese, e não por doação de sangue, que também apresenta uma queda brusca em todo o mundo por causa da Covid-19. “Atualmente, o Brasil importa imunoglobulina e, segundo especialistas, o País tem condições de produzir internamente
“Devemos aproveitar o momento da falta da imunoglobulina para fazer uma campanha em prol da atualização da legislação brasileira, que é antiga e não contempla a captação de plasma”, comenta o Dr. Antonio Condino Neto, Diretor de Relações Internacionais e membro do Departamento Científico de Imunodeficiências da ASBAI.
Segundo Dr. Condino, o Brasil apresenta restrições ultrapassadas, como:
- A legislação brasileira impede captar doação de plasma por plasmaferese para produzir medicamentos e comercializar, mas permite importar e pagar pelo plasma que outros países doaram.
- Atualmente, o Brasil capta sangue, aproveita os glóbulos vermelhos para transfusões em emergências médicas e descarta o plasma. Desperdício!
“É uma vergonha um país com as dimensões do Brasil, com cerca de 200 milhões de habitantes, não contribuir em nada para captação de plasma mundial. Devemos urgentemente atualizar a legislação para facilitar a doação de plasma e viabilizar a produção de medicamentos hemoderivados no Brasil. Sem isso, vamos continuar 100% dependentes de importação e sofrer pela falta quando algo acontece como estamos vivenciando nessa pandemia”, disse Dra. Ekaterini Goudouris, Coordenadora do Departamento Científico de Imunodeficiências da ASBAI.
A campanha da ASBAI, em ambiente digital (Facebook, Instagram, Twitter e YouTube), será lançada no dia 20 de abril, durante a Semana Mundial das Imunodeficiências/Erros Inatos da Imunidade.