Depois de uma queda significativa no primeiro ano de pandemia, o número de cirurgias eletivas voltou a crescer em 2021 e superou, inclusive, os números de 2019, antes da pandemia. Levantamento feito pelo Grupo Surgical, que atende em nove hospitais de Campinas, Valinhos e Vinhedo, apontam que o número de cirurgias eletivas saltou 80,6% no ano passado em relação a 2020. No mesmo período, o número de cirurgias de urgência e emergência cresceu 41%.
O principal motivo para o grande crescimento de eletivas é o fato deste tipo de procedimento ter ficado represado nos primeiros meses da pandemia. Para se ter uma ideia, de 2019 para 2020, o Grupo registrou uma queda de quase 30% no número eletivas, quebrando o crescimento anual que vinha sendo registrado. O aumento do número de cirurgias de urgência e emergência também está relacionado às cirurgias eletivas represadas, que, por não terem sido feitas precocemente, acabaram se transformando em cirurgias de urgência e emergência.
“Não é segredo para ninguém que a pandemia trouxe um impacto muito grande para a saúde como um todo. Ficamos muitos meses com as cirurgias eletivas suspensas devido à falta de vagas nos hospitais. Isso causou um grande reflexo. No início do ano passado, por exemplo, quando as cirurgias eletivas estavam suspensas, registramos uma explosão no número de cirurgias de urgência e emergência. Uma boa parte delas era eletiva, que devido à demora em ser feita, se tornou de urgência e emergência”, explica o CEO do Grupo Surgical, Bruno Pereira, que é cirurgião de urgência, emergência e trauma.
Entre as cirurgias mais realizadas pelo grupo, estão a colecistectomia, que é a retirada da vesícula, apendicectomia, que é a retirada do apêndice, e as oroficiais, cujas mais comuns são para tratamento de hemorroida, fissuras e fístulas perianais.
“Estamos novamente vivendo um aumento expressivo dos casos de Covid-19. É importante que as pessoas com indicação de cirurgia não deixem de fazer o procedimento. O adiamento só deve acontecer se o hospital não tiver condições de receber o paciente”, alerta o cirurgião. “Na pandemia, vimos muitas cirurgias simples, que poderiam ser feitas de forma eletiva, se transformaram em urgência e emergência. E também vimos muitos casos que chegaram em estágios mais graves porque o paciente ficou com medo de ir ao hospital quando teve os primeiros sintomas”, comenta o médico. “Quando falamos em saúde, quanto mais precoce o tratamento, seja cirúrgico ou não, melhor”, afirma.
O cirurgião reconhece que a população fica mais preocupada em operar no meio de uma pandemia, mas reforça que novos protocolos foram criados para que todos os procedimentos sejam feitos em segurança. “Nós nos preocupamos com a segurança do paciente e da nossa equipe. Realmente redobramos os cuidados para evitar qualquer tipo de contaminação. Se houver dúvida, converse com o seu médico e esclareça tudo”, orienta.
De acordo com Pereira, alguns sintomas são sinais de alerta e devem ser investigados, entre eles, estão mudança no hábito intestinal, que pode ser tanto constipação quanto diarreia, dor abdominal insistente, cólica forte, sangramento ou escurecimento das fezes, vômito com sangue, falta de apetite, náusea e dor abdominal migratória.
Os dados do Grupo são referentes a cirurgias realizadas no Hospital e Maternidade Madre Theodora, Hospital Santa Tereza, Hospital Irmãos Penteado, Hospital Beneficência Portuguesa, Hospital Renascença, Hospital do Coração e Hospital e Maternidade de Campinas, todos em Campinas, Hospital e Maternidade Galileo, de Valinhos, e Santa Casa de Vinhedo.