Cardio-oncologia: Paciente com câncer requer acompanhamento diferenciado

Otávio Rizzi Coelho Filho e Otávio Rizzi Coelho

No mês da campanha Setembro Vermelho, que reforça a necessidade de cuidar da saúde do coração, o COC – Centro de Oncologia Campinas (SP) amplia a lista de serviços aos pacientes ao introduzir mais uma especialidade essencial ao tratamento do câncer, a oncocardiologia. O atendimento multidisciplinar é um facilitador do bem-estar do paciente, seja por questões de conveniência ou, mais importante, por possibilitar atenção completa à saúde.

A oncocardiologia é direcionada às doenças cardiovasculares que podem acometer pacientes com câncer antes, durante e depois do tratamento. O acompanhamento com o cardioncologista possibilita maior chance da detecção de uma cardiotoxicidade e, se necessário, uma rápida intervenção, capaz de não alterar o planejamento e o protocolo oncológicos.

“Nosso papel como cardioncologista é tentar detectar precocemente essas alterações do coração relacionadas com o câncer e com o tratamento do câncer”, reafirma o oncocardiologista Otávio Rizzi Coelho Filho, que atenderá os pacientes do COC ao lado dos também cardioncologistas Otávio Rizzi Coelho, Rafael Sudario Vieira Toledo, Adriana Aparecida Bau, Camila Nicolela Geraldo Martins e Marcelo Idalgo Rodrigues.

Durante o curso da quimioterapia, é mandatório que o cardiologista use as ferramentas adequadas para proteger o coração do paciente. Ainda que o tratamento do câncer tenha evoluído muito, e que a grande parte dos pacientes tenha resposta positiva, há uma chance de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O motivo, explica Otávio Rizzi, é que os pacientes que têm a maioria dos tipos de câncer vão dividir fatores de risco para doença cardiovascular.

“O cigarro é o vilão do câncer e do coração; obesidade tem relação muito grande com alguns tipos de neoplasia e doença no coração; alimentação inadequada, sedentarismo, etilismo. Todas essas situações têm grande impacto no risco de câncer e também de doença cardiovascular”, exemplifica Rizzi. Além disso, os tratamentos quimioterápicos e radioterápicos para a neoplasia, apesar de muito evoluídos, ainda fazem uso de drogas capazes de trazer riscos ao coração. “Tive a oportunidade de estar nos Estados Unidos, trabalhando num dos grupos de cardioncologia mais importantes do mundo. Nesse período, participei de estudos que ajudaram a descobrir alguns padrões de lesões no coração de alguns tipos de quimioterapia”, reforça.

Ter uma equipe de cardiologia com experiência e treinada no mesmo ambiente do tratamento oncológico ajuda a agilizar o diagnóstico de doenças do coração e ainda pode oferecer cuidados precisos e ágeis para contribuir com o tratamento oncológico. “Em algumas situações, bem raras, a doença no coração é tão importante que nós teremos de interromper ou diminuir o tratamento oncológico. Mas na grande maioria das vezes, com o acompanhamento especializado, conseguimos dar remédios e fazer eventualmente pequenas mudanças para que o paciente não pare o tratamento e continue tratando a doença de maneira adequada”, detalha Rizzi.

Hoje, os grandes centros de oncologia no Brasil e no mundo, afirma, têm uma equipe de cardiologia especializada para poder dar o suporte do rápido diagnóstico e intervenção terapêutica. “O nosso papel no Centro de Oncologia Campinas é poder ajustar situações para que a equipe consiga oferecer os tratamentos oncológicos que vão mudar a evolução da doença”, confirma.

Benefícios

O tratamento cardiológico especializado traz vários benefícios. “O primeiro é que o câncer tem os mesmos fatores de risco que a doença cardiovascular, que pode estar escondida. Sabendo disso, é feito uso de um protocolo de rastreio direcionado ao paciente oncológico”, resume. O segundo motivo é que como em certos casos os tratamentos para o câncer podem afetar o coração, o cardiologista especializado saberá exatamente o que procurar e em que situações e momentos. “Ele poderá detectar essa doença cardiológica quando ela está precoce e quando está precoce, é maior a chance de não ter de parar o tratamento quimioterápico”, detalha Rizzi.

Setembro Vermelho

Setembro Vermelho é uma campanha de conscientização sobre a importância de cuidar da saúde do coração e de agir para evitar problemas cardíacos. Levantamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia aponta para 1,1 mil mortes diárias no Brasil em decorrência de alguma doença cardiovascular. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com cuidados preventivos.

O Dia Mundial do Coração é celebrado em 29 de setembro. Números divulgados pela Organização Mundial da Saúde confirmam a importância da prevenção e dos cuidados cardiovasculares. Doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e AVC (Acidente Vascular Cerebral) matam 18 milhões de pessoas por ano – isso representa 31% de todos os óbitos.

No Brasil, estima a OMS, são mais de 350 mil mortes por ano por infarto e AVC. A hipertensão, que pode ser controlada por meio de acompanhamento com um cardiologista, uso de medicamentos e mudança de hábitos, é a causa de 40% dos infartos e de 80% dos AVCs.

Redação

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