CBGM 2022: Igenomix apresenta estudos sobre rastreamento de doadoras de óvulos, frequência de AME e genes associados com câncer

A Igenomix, laboratório de biotecnologia atuante no Brasil e mais de outros 80 países, vai apresentar estudos nas áreas de saúde reprodutiva, doenças raras e oncogenética no XXXIII Congresso Brasileiro de Genética Médica (CBGM 2022), evento que acontece de 28 de setembro a 1 de outubro no UP Expo, em Curitiba (PR).

A programação científica conta com participação de especialistas da Igenomix no Brasil e Estados Unidos. Destaque para a participação da geneticista Alyssa Snider, VP dos serviços de Genética Clínica da Igenomix Estados Unidos, como palestrante da Mesa Redonda Genética Reprodutiva em Foco. A cientista falará sobre Aconselhamento Genético em Medicina Reprodutiva na quinta-feira (29), às 11h55.

Dentre os trabalhos a serem apresentados pela Igenomix, está um que confirma a alta prevalência de portadores de atrofia muscular espinhal (AME) entre os distúrbios autossômicos recessivos na população brasileira. Neste estudo, dados referentes a 268 adultos com ou sem histórico familiar para qualquer condição genética, entre 19 e 67 anos, foram avaliados. Os pacientes (casais em tratamento reprodutivo, doadoras de óvulos ou consanguíneos) foram submetidos ao teste CGT600 (painel de portadores) entre 2014 e 2019.

O CGT é um painel genético, realizado antes da gravidez, com o objetivo de planejamento familiar, para identificar alterações genéticas em comum entre os membros do casal que poderiam ser transmitidas e/ou afetar seus descendentes, inclusive quando o casal não manifesta nenhuma doença genética. No CGT 600, são investigadas mais de 6 mil alterações genéticas associadas a mais de 600 doenças hereditárias. A análise mostrou que as condições vistas com maior frequência foram hiperplasia adrenal congênita clássica devido a deficiência de 21-hidroxilase (11,2%); alfa-talassemia (7,08%); surdez tipo 1A (4,85%); febre familiar mediterrânea (4,85%); AME (4,10%) e fibrose cística (3,35%), sendo a AME, portanto, a quinta condição mais frequente.  Atualmente o painel de compatibilidade genética da Igenomix foi atualizado, permitindo o rastreio de um número maior de condições.

A AME é uma doença monogênica – ou seja, causada por alterações em um único gene, o SMN1, com padrão de herança autossômico recessivo (AR). As pessoas que têm só uma cópia do gene alterado não manifestam a doença, mas caso o parceiro também tenha um alelo mutado, existe 25% de risco de o casal ter um filho com AME. A incidência é de 1 caso para cada 6 mil a 10 mil nascimentos, sendo que no Brasil, a estimativa é que atualmente haja 3.800 pessoas com a enfermidade e que ocorrem 300 novos casos por ano. O teste de triagem de portadores identifica variantes patogênicas e provavelmente patogênicas em genes de herança autossômica recessiva (AR) e ligada ao cromossomo X (em mulheres) e está se tornando uma prática padrão para indivíduos com histórico familiar positivo de doença recessiva e/ou com histórico de consanguinidade. Assinam este trabalho Ianaê Ichikawa Ceschin, Maria Susana Joya Marodin, Cristina Valletta de Carvalho, Priscila Cristina Rodrigues da Motta e Taccyanna Ali (Igenomix Brasil) e Pere Mir e Julio Martín (Igenomix Espanha).

IMPORTÂNCIA DO RASTREAMENTO DE CANDIDATAS À DOAÇÃO DE ÓVULOS – Neste estudo que também será apresentado no CBGM 2022, os autores partiram de suas premissas: que doadoras de óvulos com histórico familiar negativa de doenças ligadas ao X ainda podem ser portadoras de variantes patogênicas e, desta forma, podem colocar a prole masculina em risco, assim como, elas podem ser portadoras de variantes relacionadas a distúrbios com padrão de herança AR, o que poderia aumentar o risco de determinada condição caso o parceiro reprodutivo tivesse uma alteração no mesmo gene. Com isso, o teste de triagem de portadores – que identifica variantes AR e ligadas ao X – está se tornando uma prática padrão para bancos de gametas para favorecer o planejamento familial e decisões informadas.

Por conta disso, este teste de triagem de portadores foi adotado neste trabalho para avaliar os resultados com o rastreamento de portadores em candidatas a doação de óvulos em mulheres no Rio de Janeiro. Ao todo, foram analisadas 190 pacientes adultas sem histórico familiar para qualquer condição genética, entre 18 e 34 anos, que foram submetidas ao teste CGT Bank, entre 2020 e 2022 em laboratório da Igenomix. O CGT bank rastreia variantes patogênicas (causadoras de doenças) conhecidas nos genes SMN1, G6PD, CFTR, F8, FMR1, GJB2, HBA e HBB, além de variantes em 26 genes ligados ao X.

Os dados mostram que 40 pacientes (21% da amostra) apresentam variantes patogênicas em pelo menos um dos genes estudados, sendo 37 casos com variantes em genes relacionados a doenças com padrão de herança AR Destes 37 casos, 24 pacientes como portadoras de variantes relacionadas à alfa-talassemia; 4 portadoras de variantes no gene HBB; 4 portadoras de deleção no éxon 7 do gene SMN1, relacionado à AME, 3 pacientes com variantes no gene CFTR e 3 doadoras com variantes no gene GBJ2. Além disso, uma candidata de 24 anos apresentou uma variante patogênica no gene F8, que confere risco aumentado à hemofilia A à prole masculina e duas doadoras apresentaram pré-mutação no gene FMR1 Independentemente da idade da doadora, o risco de transmissão aos descendentes do sexo masculino de uma condição ligada ao X é de 50%.

A conclusão é que ficou evidenciada alta frequência de portadoras de alterações em genes de condições AR e ligadas ao X, salientando assim a importância de um rastreamento prévio para doadores bancos de gametas. O estudo é assinado por Taccyanna Ali; Ianaê Ceschin; Maria Susana Joya Marodin; Márcia Riboldi e Cristina Valletta de Carvalho, todas da Igenomix Brasil.

GENES ASSOCIADOS COM MAIOR PREDISPOSIÇÃO HEREDITÁRIA AO CÂNCER EM PACIENTES COM HISTÓRICO PESSOAL OU FAMILIAR DA DOENÇA – Estima-se que 5% a 10% dos cânceres tenham um componente hereditário. Existem diversas síndromes de suscetibilidade ao câncer hereditário, muitas com fenótipos sobrepostos. Partindo deste cenário, os autores deste trabalho, que também será apresentado no CBGM 2022, foi avaliar a taxa de variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas detectadas por um painel multigênico ampliado (ao menos 170 genes) de risco de câncer hereditário.

Foram analisados, por meio do sequenciamento de nova geração (NGS), os dados de 145 pacientes adultos brasileiros com histórico pessoal e/ou familiar de câncer, entre novembro de 2021 e junho de 2022 no laboratório Igenomix. A amostra foi composta por 121 pacientes (83,45%) do sexo feminino e 24 (16,55%) do sexo masculino, que foram divididos nos seguintes grupos: história familiar e pessoal de neoplasia (grupo A); história familiar de neoplasia, porém ausência de história pessoal (grupo B); história pessoal de neoplasia, porém ausência de história familiar, ou história familiar não conhecida (grupo C). No grupo A, foram detectadas variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas em 77 participantes (24,67%); já no grupo B, em 46 (23,91%) pacientes foram observadas variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas; e por fim, no grupo C, 22 (27,27%) dos indivíduos apresentaram uma ou mais variantes dentro destas classificações.

Os genes com maior positividade foram: BRCA1 (8 ocorrências; 19,51%), MUTYH (4 ocorrências; 9,76%) e PALB2 (4 ocorrências; 9,76%). O uso do NGS no cenário de uma clínica de câncer hereditário oferece a oportunidade de testar um número crescente de genes de suscetibilidade ao câncer de maneira eficiente e econômica. A taxa de positividade observada na amostra de indivíduos brasileiros estudada foi semelhante aos relatos da literatura científica. Participaram do estudo Taccyanna Ali, Raíssa Dandalo, Diana Frazzato, Larissa Antunes, Diego Miguel e Márcia Riboldi.

Redação

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