Cerca de 40% dos pacientes internados no CTI com Covid-19 têm comprometimento cardíaco

Depois de 18 meses de pandemia pelo novo Coronavírus, muitas questões permanecem não respondidas. Inicialmente, acreditava-se que apenas os pulmões eram afetados pela infecção, mas logo ficou claro que se trata de uma doença sistêmica. Coração e rins são outros órgãos muitas vezes comprometidos pelo vírus Sars-CoV 2, em especial em suas formas graves.

De acordo com a Dra. Ana Luiza Sales, cardiologista do CHN – Complexo Hospitalar de Niterói (RJ), cerca de um terço dos pacientes internados com formas graves da infecção por Covid-19 podem evoluir com algum grau de comprometimento cardiovascular. Esses pacientes, em geral, apresentam maior número de comorbidades, manifestam quadros inflamatórios mais graves e têm pior sobrevida quando comparados com os pacientes sem acometimento cardiovascular por esse vírus, como reforça a médica: “O acometimento do coração acontece nas fases mais tardias da infecção, principalmente depois de 7 a 10 dias, na fase conhecida como ‘hiperinflamação’.”

A médica aponta que 30% a 40% dos pacientes mais graves, que precisam de internação em Centro de Terapia Intensiva (CTI), podem desenvolver dano cardíaco. Indivíduos que já possuem alguma comorbidade (como diabetes e hipertensão arterial) têm maior risco de evoluir para as formas graves da doença, com maiores chances de acometimento cardiovascular pelo vírus. No entanto, os pacientes sem comorbidades também podem avançar com quadros graves dessa virose e com comprometimento do sistema cardiovascular.

Segundo um levantamento realizado pelo laboratório de ecocardiografia do CHN, coordenado pelo Dr. João Tress, no período de março a junho de 2020, quase 40% dos pacientes com acometimento cardiovascular apresentavam sinais de disfunção sistólica (insuficiência cardíaca), 25% tiveram episódios de trombose venosa, 22% desenvolveram pericardite (inflamação do pericárdio, membrana que envolve e protege o coração) e 15%, miocardite (inflamação do músculo do coração, chamado miocárdio).

“O estudo continua e a motivação é fazer a comparação entre os semestres de 2020 e 2021, principalmente, pelas mudanças das cepas do vírus. Por isso, a importância do reestudo para mostrar as complicações cardíacas da Covid de acordo o surgimento das novas variantes”, afirmou João Tress.

Redação

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