Se o homem já evitava ir ao médico, a pandemia do novo Coronavírus o afastou ainda mais dos serviços de saúde. Pesquisa inédita realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostra que 55% dos homens acima de 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico em função do surto da Covid-19. Com a pandemia em curso, 57% desse grupo acima dos 40 anos afirmaram ter percebido um impacto negativo na saúde, incluindo 9% que consideravam que a sua saúde estaria pior do que antes. Sobre o impacto do novo Coronavírus na vida de uma forma geral, 88% desses homens afirmaram terem sido afetados, sendo que 37% relataram ter afetado muito.
A pesquisa on-line abrangeu 22 estados da federação e teve 499 participantes. Acadêmicos de medicina de diversas cidades do país auxiliaram para a coleta de dados. Dos entrevistados, 75% tinham mais de 40 anos, 77% eram do sexo masculino, 2,18% já tiveram um diagnóstico de câncer de próstata e apenas 6% admitiram que, habitualmente, não cuidavam ou não se importavam com a sua saúde.
Sobre a impressão individual de que as pessoas estariam indo menos ao médico ou fazendo menos os tratamentos, 81% de todos os entrevistados consideraram que sim. 23% dos participantes da pesquisa relataram ter encontrado dificuldade de acesso ao procurar por consultas ou tratamentos médicos durante a pandemia e 40% disseram que não procuraram.
Dos pacientes masculinos (de todas as idades), 33% relataram ir regularmente ao urologista e 3% afirmaram que nunca consultariam esse especialista, demonstrando que ainda existe resistência em relação aos cuidados com a saúde urogenital. Para 92% de todos os entrevistados, no entanto, a campanha Novembro Azul de conscientização sobre o câncer de próstata é útil ou importante.
Câncer de próstata no Brasil
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer de próstata para 2020 é de 65.840, com 15.576 mortes relacionadas (Atlas de Mortalidade por Câncer, 2018).
“A pesquisa nos mostra que o diagnóstico precoce de câncer de próstata, essencial para a cura, neste ano poderá ser afetado se não houver uma procura dos homens pelos serviços de saúde. Mesmo com a crise sanitária em curso, a prevenção não pode ser deixada de lado”, aponta a urologista Karin Anzolch, coordenadora da pesquisa da SBU sobre o impacto da pandemia na saúde.
Dados do laboratório Mont’Serrat (RS) mostram uma queda de 38% nos pedidos de PSA no período de março a junho de 2020 comparados a março a junho de 2019. Outro grande laboratório de alcance nacional apresentou queda de 18% no mesmo período de comparação.
Diante de todos esses dados, a SBU reforça sua campanha de conscientização sobre a saúde do homem, Novembro Azul. Foram programadas várias ações on-line de esclarecimento do público. Acontecerão lives nas redes sociais do Portal da Urologia (@portaldaurologia), contando com a participação de especialistas e convidados. Também entrarão no ar programas semanais de podcasts para a Rádio SBU abordando o tema. As redes sociais, assim como o Portal da Urologia (www.portaldaurologia.org.br), também terão conteúdos voltados ao público, com objetivo de explicar, desmistificar e trazer informações de qualidade sobre a saúde do homem e, principalmente, o câncer de próstata.
O tumor da próstata não costuma apresentar sintomas em fases iniciais, quando em 90% dos casos pode ser curado se diagnosticado precocemente. Ao apresentar sintomas significa já estar numa fase mais avançada e pode causar vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina ou no sêmen.
Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata são: histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio e homens da raça negra. A recomendação da SBU é que os homens, a partir de 50 anos, e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos.