Como a pandemia irá impactar no tratamento do câncer

O Dia Mundial de Combate ao Câncer, lembrado em 8 de abril, foi criado pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC) para marcar a luta contra a doença, que a cada ano atinge milhares de pessoas. Segundo dados o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil teve 626.030 novos casos em 2020.

Com a pandemia do novo Coronavírus, o combate à doença ganhou novas perspectivas. De um lado, houve uma redução nas cirurgias e exames preventivos, num primeiro momento por recomendação dos próprios médicos e depois, quando clínicas e hospitais estavam mais preparados, os pacientes recuaram por medo de contrair o vírus.

Além disso, a pandemia poderá impactar nos tratamentos porque muitos estudos clínicos para novos medicamentos foram suspensos ou adiados. “A indústria farmacêutica vai mudar e isso irá repercutir na oncologia. Já houve impacto na pesquisa básica e os estudos de bancada foram retirados”, diz o oncologista Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas.

O lado bom

Se alguns estudos ficaram suspensos, outros podem avançar. As vacinas de mRNA, desenvolvidas pela Pfizer e Moderna, que se tornaram conhecidas pela sua eficácia contra o Covid-19, já estavam sendo estudadas pelo seu uso na terapêutica do câncer. No entanto, até agora não havia resultados positivos. A boa notícia é que cientistas do Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia da China (NCNST) desenvolveram um hidrogel para entregar uma vacina de mRNA com um adjuvante imunoestimulante. Quando injetada em camundongos com melanoma, a vacina permaneceu ativa por pelo menos 30 dias, inibindo o crescimento do tumor e evitando metástases. O estudo foi publicado no jornal Nano Letters, da American Chemical Society.

“Os resultados mostraram que o sistema de entrega de hidrogel tem potencial para ajudar as vacinas de mRNA a alcançar efeitos antitumorais de longa duração como a imunoterapia contra o câncer. Ou seja, o hidrogel libera lentamente nanovacinas de mRNA, que ‘escolhe’ os tumores cancerosos e os impede de crescer”, diz o oncologista Carlos Gil Ferreira. “Sem dúvida, é uma perspectiva animadora para o tratamento do câncer”, afirma.

Redação

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