Como estudam crianças que vivem em hospitais?

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O 11º artigo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no capítulo 1º (Do direito à vida e à saúde), destaca que a criança e o adolescente devem ter acesso integral à saúde por intermédio de ações e serviços focados na promoção, proteção e recuperação da saúde.

Nesse sentido, é preciso reforçar a importância da atenção com crianças e adolescentes hospitalizados, os quais têm o aprendizado prejudicado quando necessitam passar longos períodos fora do ambiente escolar. Para suprir a demanda do público enfermo foi criada a Pedagogia Hospitalar, por meio da qual o pedagogo procura levar o ambiente escolar para dentro dos hospitais.

Vale esclarecer que as primeiras iniciativas desse atendimento foram registradas no início do século 20, na França, com atividades educativas realizadas dentro dos hospitais. No Brasil, o trabalho inicial começou no estado do Rio de Janeiro na década de 1950.

No entanto, a Pedagogia Hospitalar foi reconhecida no cenário nacional apenas em 2001, quando foi incluída nas Diretrizes Nacionais da Educação Especial. Um documento publicado pelo Ministério da Educação (MEC) detalhou as estratégias e orientações necessárias para assegurar a educação integrada à saúde para crianças e adolescentes impedidos de frequentar o espaço físico da escola.

A professora do curso de extensão universitária em Pedagogia Hospitalar do Senac EAD, Raquel Gomes D’Alexandre, explica que o papel do pedagogo no ambiente hospitalar é acompanhar e conduzir os educandos no processo de construção do conhecimento.

“Na classe hospitalar, o trabalho pedagógico se concentra em diminuir as dificuldades de aprendizagem dos alunos sobre os conteúdos escolares correspondentes à etapa de sua escolarização, durante o período de internação”, esclarece.

Acompanhamento com foco no bem-estar

O atendimento prestado aos estudantes internados em ambiente hospitalar inclui o público impossibilitado de frequentar as aulas por problemas de saúde ou por estar em tratamento de doenças crônicas. No estado de São Paulo, por exemplo, o espaço para atendimento é cedido pela instituição de saúde, que será vinculada administrativa e pedagogicamente a uma escola estadual.

Dessa maneira, a classe hospitalar destina-se exclusivamente a crianças e adolescentes matriculados no Ensino Fundamental ou Médio da rede pública estadual. O currículo é adaptado para atender as condições do educando, proporcionando ainda apoio no retorno e na reintegração ao ambiente escolar.

A professora do Senac EAD destaca que a prioridade do trabalho desenvolvido na Pedagogia Hospitalar é a recuperação da autonomia e do bem-estar do paciente, assim como os profissionais da educação atuam de forma preventiva no acompanhamento e desenvolvimento dos estudantes em sala de aula.

Outro ponto de participação do pedagogo hospitalar é na transição do final do tratamento e da alta hospitalar, já que será preciso avaliar a dimensão do cuidado exigido no ambiente domiciliar. Raquel reforça que as pesquisas do setor pontuam a importância do entrosamento entre paciente, família e a equipe responsável.

“A família assume papel importante no processo de recuperação do paciente visto que será ela a responsável por promover o incentivo ao aprendizado, bem como consolidar estímulos para o êxito do tratamento clínico no decorrer do período”, pontua.

Cenário do ensino em Pedagogia Hospitalar

Na avaliação da educadora do Senac EAD, um dos desafios do profissional de Pedagogia Hospitalar é buscar uma formação que contemple conhecimentos específicos aliados à prática cotidiana de atuação. Ainda que o hospital seja um dos espaços de aprendizagem (no estágio supervisionado), é essencial que os conteúdos direcionados continuem sendo pauta das discussões curriculares.

“É preciso considerar como a formação é feita e se é orientada na perspectiva da integralidade do paciente, já que nem sempre professores e pedagogos atuam em escolas com alunos plenamente saudáveis. Sendo assim, um embasamento teórico interdisciplinar entre as áreas da educação e saúde é fundamental para que o educador possa criar estratégias de atuação mais assertivas, considerando as particularidades de vida de cada aluno-paciente”, observa.

Outro aspecto importante a ser considerado é que o pedagogo se habitue a elaborar um documento escrito sobre três acompanhamentos distintos: diário de campo, diário profissional e diário de bordo. Por meio dessas anotações é possível pautar reflexões e diagnósticos sobre as experiências vivenciadas com os alunos.

“Trata-se de um material rico no sentido de descobertas, reconstrução da experiência, planejamento de ações, sistematização de aprendizagem e ainda, para compartilhamento com outros colegas de profissão”, conclui.

Com um portfólio amplo de qualificação e especialização na área de educação, o Senac EAD disponibiliza o curso de extensão universitária em Pedagogia Hospitalar. O conteúdo objetiva a capacitação profissional para atuar com crianças, adolescentes e adultos, enfermos em contextos hospitalares ou domiciliares.

Redação

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