Dentre os inúmeros desafios proporcionados pela pandemia da Covid-19, um dos mais importantes diz respeito às cirurgias a serem realizadas nas crianças.
Embora surpreendentemente o organismo infantil seja, de certo modo, protegido da ação deletéria do vírus – por mecanismos ainda desconhecidos – os relatos de óbito em pacientes jovens começam a aparecer na literatura, gerando questionamentos dos cirurgiões pediátricos e dos pediatras a respeito da oportunidade de cirurgia em crianças. Não se pode esquecer que a cirurgia, por si só, é ato que interfere no equilíbrio imunológico do paciente, debilitando-o.
Deve-se lembrar também que, nos dias que correm, todos os recursos hospitalares, incluindo pessoal médico e de enfermagem, além de recursos de UTI, estão voltados, principalmente, ao atendimento das vítimas da pandemia.
Ainda, é importante considerar a possibilidade de contaminação pelo SARS-Cov-2 tanto do paciente submetido à cirurgia, como das equipes médicas e paramédicas envolvidas no processo.
Nessas condições, as indicações cirúrgicas, para o momento que se vive, podem ser divididas em duas categorias:
. EMERGÊNCIAS (casos com risco de morte ou de perda de órgão)
. URGÊNCIAS (casos eletivos em que o atraso cirúrgico significa prejuízo para o paciente)
Todos os demais casos, cirurgias consideradas eletivas, deverão aguardar o fim da pandemia para o agendamento.
Texto elaborado pelo Departamento Científico de Clínica Cirúrgica em Pediatria da Sociedade de Pediatria de São Paulo