A violência obstétrica tem sido debatida nas últimas semanas pela mídia e traz um alerta à população. Pouco conhecido, o termo refere-se aos abusos que a mulher pode sofrer durante o parto, incluindo ataques verbais; agressões físicas; negação ao direito a acompanhante; falta de respeito à privacidade e confidencialidade da mãe; preconceitos de diversas formas e o puxo dirigido – ato de pedir para a parturiente fazer força quando o bebê está prestes a nascer.
Para combater esse tipo de crime, algumas entidades contam com o atendimento humanizado a gestantes e recém-nascidos, o que garante que um dos momentos mais importantes da vida da mulher seja realizado com mais segurança e tranquilidade. É o caso do Programa Parto Seguro à Mãe Paulistana, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde, que é responsável por mais de 200 mil nascimentos na cidade de São Paulo.
Reconhecido por sua assistência humanizada, o programa presente em sete hospitais e uma maternidade pertencentes à rede municipal de saúde é responsável pela redução de 44,37% da mortalidade neonatal precoce, entre 2013 e 2021, nas regiões no qual está inserido. Além disso, também auxilia na alta redução no número de segundas gestações na adolescência, por meio da inserção do DIU pós-parto. Desde 2018, foram colocados mais de 7,8 mil dispositivos intrauterinos em jovens.
O Parto Seguro também ampliou o número de partos normais no município. Em 2020, foram realizados mais de 23 mil partos, sendo 15.115 deles normais. O número corresponde a quase 66% dos nascimentos, acima da média brasileira, que, até 2018, era de 44% nos hospitais acreditados pelo Compromisso com a Qualidade Hospitalar, segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos.
“O programa tem o espírito da nossa Instituição em seu DNA. Ao longo de 30 anos de existência, nos esforçamos para transformar a vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde”, destaca Ademir Medina, CEO do CEJAM.
Redução da mortalidade materna
A saúde e o bem-estar da gestante também estão entre os pilares do Parto Seguro, que tem contribuído para a redução da mortalidade de mulheres por meio de diversas ações. A inclusão de um protocolo de classificação e avaliação de riscos hemorrágicos – uma das principais causas de morte de parturientes -, o Plano Individual de Parto – que esclarece à gestante os direitos e serviços de humanização, preparando-a para o parto – e o acompanhamento de risco, realizado desde o momento da internação até a alta médica estão entre as principais ações.
Atendimento humanizado
Para a coordenadora geral do Parto Seguro, Anatália Basile, a forma como o atendimento é realizado, em todos os processos da gestação, é o maior trunfo do programa.
“Tanto o parto quanto o nascimento acontecem de forma segura e respeitosa, com acolhimento humanizado de uma equipe que utiliza práticas como massagens, banhos terapêuticos, exercícios de respiração e musicoterapia, entre outras. Incentivamos a mulher a se tornar protagonista do seu parto”, afirma.
Conforme a especialista, que é enfermeira com ênfase em Obstetrícia, todo o trabalho é realizado com a presença de um acompanhante de escolha da futura mamãe, que permanece o tempo inteiro ao seu lado.
“Um parto muito marcante foi o de um casal no qual o esposo da parturiente era cego. Nossa equipe, com muita delicadeza, garantiu que a experiência do nascimento de seu filho fosse toda narrada e descrita pela mãe da paciente. Um atendimento com equidade que promoveu uma nova experiência a todos os envolvidos”, conta.
A coordenadora finaliza ressaltando as principais linhas de frente do Parto Seguro, que defende posições de parto, respeitando a escolha da mulher; a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, que contribui para o sucesso no aleitamento materno; e o estudo de casos com foco na proposta de melhoria e segurança contínua na assistência.
Confira a lista de unidades que contam com o Programa Parto Seguro:
Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mário Degni
Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa
Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Corrêa Netto — Ermelino Matarazzo
Hospital Municipal Prof. Dr. Waldomiro de Paula
Hospital Municipal Tide Setúbal
Hospital Municipal Campo Limpo – Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha
Maternidade Escolar Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva — Cachoeirinha
Hospital do Servidor Público Municipal