Coronavírus: Custos de leitos de UTI podem chegar à R$ 1,27 bilhão por mês

O Brasil soma mais de 100 mil casos confirmados de coronavírus, o número de pessoas infectadas cresce a cada dia e, com ele, a necessidade de internação. Estudo elaborado pelas empresas Planisa, Funcional Health Analytics, e Prospera, mostra que o custo diário dos leitos de UTI Adulto, para onde são encaminhados os pacientes da doença com estado grave, será de R$ 42 milhões por dia, acima de R$ 1,27 bilhão por mês, a depender da efetividade da implantação dos novos leitos e seu respectivo custo (leia abaixo sobre a metodologia utilizada). Cerca de 4,7% dos pacientes necessitam de suporte em ambiente de terapia intensiva e 2,3% de ventilação mecânica invasiva.

Atualmente, o Brasil tem 15,3 mil leitos de UTIs Adulto disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) e 16,7 mil no sistema privado. No estudo, foram considerados dados de 2019 de uma amostra de 106 hospitais, pertencentes ao banco de dados da Planisa, sendo 54% administrados por Organizações Sociais de Saúde; 33% filantrópicos; 7% privados e 6% públicos de administração direta. Ao analisar o custo em cada uma dessas organizações, foi observado o valor médio de R$ 1.934 por dia de internação na UTI Adulto.

Na experiência clínica de médicos intensivistas na gestão dos leitos de UTI Adulto é comum ter na sua ocupação pelo menos 40% dos leitos com pacientes com outras enfermidades, em grau de maior severidade. Com a decisão de suspensão de cirurgias eletivas para todo sistema de saúde, durante o período de pandemia, estima-se que mais de 60% dos leitos de UTI Adulto existentes no sistema de saúde estão disponíveis para tratamento de pessoas com Covid-19. Em março, portaria 414 do Ministério da Saúde autorizou a habilitação de até 2.540 leitos de UTI, para ampliar a rede SUS para atendimento exclusivo dos pacientes Covid-19.

“Ao considerar o custo médio de R$ 1.934 por dia de internação em um leito de UTI, na hipótese de que 40% desses leitos se manterão ocupados por outras enfermidades e cerca de 60% estarão disponíveis para o tratamento da Covid-19, além de que 4,7% dos infectados necessitam de leitos de terapia intensiva, concluímos que a capacidade instalada seria suficiente para tratar uma população de até 408 mil infectados simultaneamente”, fala o diretor técnico da Planisa, Marcelo Carnielo. “Adicionando-se mais 2,54 mil leitos exclusivos para o tratamento da doença Covid-19, nos tornamos preparados para enfrentar o volume de 463 mil infectados simultaneamente”, completa.

O levantamento mostrou ainda um alerta ao uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), onde se observou a utilização limitada do recurso. “O estudo constatou que não é habitual o uso de EPI com a intensidade recomendada no tratamento da Covid-19, o que poderá implicar em custos ainda maiores”, ressalta Carnielo.

Outro ponto constatado sobre a utilização de leitos de terapia intensiva nos casos de pacientes com insuficiência respiratória aguda relacionada ao coronavírus foi de que a necessidade de suporte ventilatório invasivo e intubação orotraqueal é maior que a habitual.

Metodologia

A metodologia de custeio por absorção plena foi utilizada pela Planisa de forma padronizada, a qual considera que todos os custos de produção são alocados ao custo da diária de UTI, incluindo custos diretos e indiretos, ou seja, todos os custos necessários para operação de um leito hospitalar, como investimento com equipes médica e de enfermagem, materiais, medicamentos e serviços de apoio e administrativo, entre outros.

O diretor técnico da Planisa lembra que a estimativa de novos leitos ainda é incerta, uma vez que um conjunto de variáveis pode influenciar no aumento ou na diminuição da demanda por novos leitos de UTI Adulto, como por exemplo, o menor percentual de idosos na população brasileira quando comparada aos países europeus; se há influência do Brasil estar no hemisfério sul; a incerteza da curva de crescimento de novos casos; e os níveis de transmissão distintos entre os Estados.

“Essas projeções são apenas exercícios para estimar a capacidade de leitos de UTI adulto instalados no país e os custos associados a eles”, salienta Carnielo.

Redação

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