No Dia Mundial da Saúde Bucal, comemorado em 20 de março, o cirurgião bucomaxilofacial Dr. Fábio Cosloski Iamondi, que há 32 anos atua na equipe do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), de Jundiaí (SP), chama atenção para a mudança do perfil dos pacientes diante da pandemia Covid-19. Segundo ele, a redução na procura pela assistência odontológica na unidade foi de 32%, na comparação entre 2019 e 2020. Atualmente o paciente que procura pelo serviço é aquele que não tratou o problema na fase inicial, com receio de buscar auxílio em plena pandemia e aquele que tem receio de desenvolver a endocardite bacteriana.
A endocardite bacteriana é uma doença infecciosa, que afeta o endocárdio, revestimento interno do coração. O problema é causado por microorganismos que chegam ao coração por meio da corrente sanguínea. O agente infeccioso entra no organismo por meio de bactérias comuns nas cáries dos dentes ou gengivas inflamadas. “Pacientes com problemas cardíacos são público de risco diante da Covid-19 e por isso há essa preocupação em tratar ou prevenir a doença”, afirma o especialista.
Com relação ao tratamento tardio, Dr. Iamondi relata que tem percebido que muitas pessoas com problemas bucais simples têm deixado de procurar o auxílio por medo de contrair o Coronavírus ao ir ao hospital. “Neste caso, quando buscam o serviço, muitas vezes o quadro já evoluiu para grave e, dependendo do diagnóstico, a reversão se torna mais difícil”, explica. “Por isso, as pessoas não devem deixar de procurar o dentista na pandemia, nem que considere ser um problema banal. Com a orientação adequada, será possível dizer se o caso necessita de tratamento emergencial ou se pode esperar, sem prejuízos para a saúde bucal”, aconselha.
Dr. Iamondi explica que a equipe do HSV, que realiza atendimento no Pronto Atendimento Central, é composta por multiprofissionais da área de odontologia. “Nossos atendimentos incluem casos emergenciais, tais como traumas graves, fraturas, infecções, lesões bucais, curativos e outros; e atendimento ambulatorial, que inclui a assistência a pacientes oncológicos e traumas que necessitam de cirurgia para correção de fratura”, detalha. Em 2019 a equipe realizou 86 cirurgias e 14.248 atendimentos. Em 2020 foram 59 cirurgias e 9.612 atendimentos.
Para garantir uma boa saúde bucal, o cirurgião explica que é necessário ter o hábito de consultar o dentista a cada seis meses. “Essas consultas são preventivas, incluem avaliação, limpeza, remoção da placa bacteriana, cuidados indicados para cada paciente, aplicação de flúor e outras ações que se façam necessárias”, enumera. “Para isso é importante que o paciente faça uma programação e, caso não possa ir logo ao completar seis meses da última consulta, se programe para o mês seguinte. O importante é não deixar passar”.
A orientação é para que a partir dos três anos de idade, os pais já comecem a levar seus filhos ao dentista. “Ao criar este hábito, a criança já cresce com este costume e consciente desta necessidade. Isso evitará problemas futuros e garantirá tratamento preventivo e não invasivo”, conclui.