Hospital Bom Pastor e a referência para à saúde indígena no norte do Brasil

Entender, respeitar e incorporar a cultura dos indígenas são os primeiros passos para prestar um atendimento de saúde com qualidade para a população indígena brasileira. No Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, o Hospital Bom Pastor (HBP), unidade própria da Pró-Saúde na região Norte do Brasil, se destaca na atuação humanizada em um lugar bastante remoto do país.

Diferente de hospitais dos grandes centros urbanos, o Bom Pastor é referência no atendimento à saúde indígena para mais de 50 aldeias na região de Guajará-Mirim, em Rondônia, onde 90% do acesso é por meio fluvial. Atendendo uma população de cerca de 890 mil indígenas, a unidade realiza consultas, exames, cirurgias, partos e internações, com estrutura pensada especialmente para este público.

Humanizar o ambiente hospitalar é proporcionar espaços saudáveis, que tragam sensação de bem-estar. Além disso, envolve também a particularização do tratamento, considerando as individualidades de cada um, e a valorização do contato entre profissionais da saúde e pacientes. São pontos importantes, que convergem para o surgimento de um clima mais agradável e favorável a cultura local.

“A saúde especializada para os povos indígenas mostra seu o verdadeiro sentido quando incluímos a humanização. Ter um local adequado, que acompanhe a cultura, e traga o sentimento de pertencimento, é essencial”, ressalta a diretora Técnica do Bom Pastor, Márcia Guzman.

Preocupados em promover serviços que fossem adequados a cultura indígena, a equipe da unidade oferece recursos específicos, como intérprete com fluência no dialeto das tribos, uma dieta balanceada que considera os hábitos alimentares nas aldeias e redes no lugar das camas hospitalares. Destaque ainda para a oca indígena, construída na parte externa da unidade, que humaniza o atendimento dos pacientes e visitantes, proporcionando um ambiente similar ao modo habitual de vida.

O monitoramento constante no cuidado indígena

A saúde do paciente indígena precisa de um monitoramento constante. Por isso, a equipe assistencial permanece preparada para identificar e reconhecer as necessidades e a especificidade de cada paciente, que neste caso, vive em meio à floresta amazônica.

“O maior cuidado é na parte das emergências, pois os indígenas não têm o costume de buscar atendimento hospitalar o tempo todo, somente quando há um agravamento no quadro de saúde. Assim, é necessário sempre checar se eles precisam de algo e se está tudo bem”, revela Márcia.

No Bom Pastor, cerca de 70% dos partos realizados são normais. Esses números apresentam uma situação melhor do que a média nacional, uma vez que dados do Ministério da Saúde apontam que, dos 2,7 milhões de partos realizados no país, em 2017, no serviço público de saúde, apenas 44,5% foram normais. Mais um detalhe: a unidade é a única maternidade do município, por isso, todas as gestantes são diretamente encaminhadas ao hospital.

“Ser um hospital de referência no atendimento indígena é desafiador, mas junto com a gestão da Pró-Saúde foi possível formar uma equipe multidisciplinar para prestar o acolhimento e assistência de toda a população, proporcionando inclusive uma logística eficiente para o abastecimento de insumos”, ressalta a diretora.

Redação

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