Covid-19 X EPIs: Como distribuidores estão lidando com o desabastecimento

O aumento brusco da demanda e a consequente falta de itens de higiene e segurança como máscaras, aventais e luvas estão entre os principais gargalos na tentativa de frear o avanço da Covid-19. A indústria nacional tem se esforçado para aumentar a produção de equipamentos de proteção e biossegurança, itens fundamentais para quem está na linha de frente do atendimento aos pacientes infectados e também de toda a população, já que o uso desses acessórios podem ajudar na diminuição da taxa de contágio da doença. Mais da metade do mercado é abastecido por distribuidores de insumos de saúde que, neste momento, tentam minimizar o impacto do desabastecimento.

Disputa global

“Ninguém estava preparado para enfrentar uma pandemia em tão pouco tempo. Os estoques secaram rapidamente e a demanda seguiu crescendo”, explica Andrés Cima, CEO da Atrial Saúde, que distribui mais de 5 mil itens médico-hospitalares e presta serviços logísticos no segmento da saúde. De acordo com Cima, a maior dificuldade para garantir o abastecimento é conseguir insumos e produtos dos players asiáticos. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estima que 90% do mercado de EPIs hospitalares brasileiro é atendido por produtos importados da Ásia. “Em um cenário de pandemia, as relações comerciais ficam instáveis, pois são muitos países buscando os mesmos recursos e que agora estão escassos”, explica.

Plano de ação

Andrés afirma que, no caso da Atrial, a empresa continua apostando no relacionamento que desenvolveu com seus fornecedores ao longo de mais de 40 anos. “Estamos em uma prova de fogo. Não há produtos para suprir a demanda mundial e, com a alta procura, garantir uma importação agora depende de histórico sólido. Todos os setores estão inseguros, inclusive quem vende”. A Atrial recebeu recentemente cerca de 1 milhão de máscaras de dois tipos: a N-95, um dos principais e mais escassos itens para profissionais de saúde, e a Máscara tripla, usada para procedimentos em hospitais.

Testes rápidos

O reabastecimento imediato de itens que não dependem de tantos insumos de outros países, como o álcool em gel, por exemplo, já se encontra em estoque. Testes rápidos – Modelo Igg/Igm e Modelo Ag – para identificação de Covid-19 produzidos nacionalmente também já estão sendo disponibilizados pela empresa – que tem previsão de receber um novo lote no final de maio.

Logística e alerta

Ainda de acordo com Andrés, outros itens como aventais, óculos e alguns tipos de máscara mais simples seguem com disponibilidade de estoque. Para dar conta das entregas, a empresa deslocou grande parte de seus funcionários para a operação de insumos médico-hospitalares. Antes da pandemia, grande parte do faturamento da Atrial correspondia a equipamentos cirúrgicos. “Com o cancelamento de cirurgias eletivas, esse setor está em “stand-by”, afirma.

Em meio à pandemia, a empresa tomou outra decisão importante: inaugurar dois novos centros de distribuição para atender a demanda do mercado neste momento. Um deles em Contagem (MG) e outro em Alphaville, que abastecerá toda a Grande São Paulo.

Pelos próximos meses, a expectativa é que o foco seja mantido em insumos médico-hospitalares, principalmente itens de segurança para profissionais de saúde. Mas o executivo levanta um alerta com relação à procedência dos materiais. “Em um momento como esse, a qualidade dos produtos se torna ainda mais importante, pois se tratam de itens de segurança que, se não puderem garantir prevenção, perdem seu sentido”, conclui.

Redação

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