O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) interditou, na madrugada desta 25 de junho, o Hospital e Maternidade 8 de Maio, após encontrar diversas irregularidades durante fiscalizações, iniciadas em 23 de abril, que comprometem o trabalho dos profissionais e colocam em xeque o atendimento aos pacientes.
Já na primeira vistoria, fiscais do Conselho identificaram que o hospital não possui alvará da Vigilância Sanitária e que, apesar do nome, não dispõe de maternidade, UTI pediátrica e UTI Neonatal desde 2018. Também observaram que o pronto socorro conta com apenas dois médicos por turno, que são os mesmos que passam visita e atendem intercorrências na enfermaria, sobrecarregando, assim, o trabalho dos profissionais e a assistência ao paciente.
A fiscalização encontrou, também, um plantonista que estava utilizando indevidamente os dados e CRM de outro médico, conforme noticiou o Cremesp em 2 de junho (www.cremesp.org.br/?siteAcao=NoticiasC&id=5843).
Entre as não conformidades identificadas estão:
- Ausência de registro de especialidade no Cremesp em 54,5% dos médicos apresentados como especialistas, como o próprio coordenador da UTI Covid-19, que não está registrado como intensivista e não possui nenhuma certificação neste sentido;
- Escalas de plantões com apenas um profissional em trabalho contínuo por período superior a 24 horas;
- Médico generalista, formado em 2020, responsável pelo plantão pediátrico;
- Fluxo de atendimento misturando pacientes com Covid-19 e outros sem queixas de sintomas respiratórios.
O Cremesp também teve acesso a inúmeras reclamações, por parte de pacientes, demonstrando a precariedade da assistência médica do local, como, por exemplo:
- Atraso de atendimento;
- Falta de seguimento médico por nefrologista;
- Falta de respeito e informação na liberação de exame de Covid-19;
- Falta de profissionalismo e descaso com paciente;
- Falta de atestado médico por Covid-19;
- Falta de médico;
- Falta de respeito de enfermeiro;
- Falta de local de espera para os acompanhantes;
- Péssimo atendimento e diagnóstico errado em relação a Covid-19;
- Desorganização, descaso com o cliente paciente, descaso com idosos e demora no atendimento;
- Reclamação de atendimento e mau trato pela médica assistente.
As investigações iniciadas pelo Conselho para apurar este caso tramitam sob sigilo determinado por Lei.