Custo no atendimento de prontos-socorros aumentou 89% na pandemia

Levantamento feito pela Planisa, empresa de gestão de resultados para organizações de saúde, realizado em 105 hospitais brasileiros, entre públicos, privados e filantrópicos, comparando os custos unitários médios assistenciais dos primeiros trimestres de 2019, 2020 e 2021, constatou que os valores unitários aumentaram em 89% no atendimento dos prontos-socorros, a diária hospitalar teve aumento em 44% e os exames de raios X em 51% (veja tabela e gráfico abaixo). A escalada nos custos aconteceu principalmente no biênio 2020-2021 e está relacionada ao aumento exponencial dos custos de alguns itens de material e medicamentos hospitalares, além da ociosidade destas unidades. Os dados foram retirados do sistema KPIH (Key Performance Indicators for Health), desenvolvido pela Planisa.

Os altos custos na saúde não devem se limitar à situação atual da pandemia, ressalta o diretor técnico da Planisa, Marcelo Carnielo. “Os prováveis impactos da Covid-19 para os próximos anos nos custos hospitalares são preocupantes, pois temos o agravamento de doenças crônicas pelo medo do paciente de ir ao hospital, o represamento de cirurgias eletivas e exames não realizados, o tratamento das sequelas que acometem as pessoas infectadas pelo Coronavírus, o diagnóstico tardio de novos casos de outras doenças, incluindo os cânceres, que quando detectados precocemente, aumentam a chance de cura e diminuem drasticamente os custos assistenciais, então, todas essas vertentes juntas, sem dúvida, consumirão mais recursos públicos e privados do que os feitos da Covid-19”, falou.

Carnielo explica que, quando se fala em custo hospitalar, é importante compreender que a escala de serviço (volume) e a complexidade clínica do paciente são as principais vertentes na variação dos gastos. “Em hospitais de grande volume assistencial, o custo unitário de internação é menor do que o custo em um hospital com poucos leitos e baixo volume de produção. Como não é novidade, sabidamente os hospitais – principalmente os privados – sofrem com a ociosidade de suas instalações não Covid-19”, disse.

O diretor técnico da Planisa pontua ainda que há de esperar que ao longo do tempo, possíveis sobrepreços praticados na pandemia voltem a se normalizar, seja pela estabilização da oferta versus demanda, seja pela normalização do ganho de escala na retomada do atendimento reprimido. “Tais fatos deverão gerar alívios para os prestadores, mas, provavelmente, dor de cabeça para as operadoras”, destaca. “Do lado das operadoras de saúde, as incertezas provavelmente ainda são maiores, a retomada de toda essa demanda assistencial represada deve elevar a confortável sinistralidade do período da pandemia e, por conseguinte, prováveis aumentos na comercialização de planos de saúde avizinham-se. A conta não deverá ser pequena para as empresas, principais responsáveis pelo financiamento da saúde suplementar. Do lado público, prováveis dificuldades de financiamento frente ao desaquecimento da economia e queda do PIB, uma verdadeira tempestade perfeita para o setor”, completa.

Desta forma, Carnielo avalia que o fortalecimento da medicina preventiva e assistência primária deverá ganhar ainda mais terreno, como forma da busca incessante na diminuição do custo per capita e da melhoria da qualidade assistencial. “Além da necessidade da geração cada vez mais urgente e necessária de uma medicina custo-efetiva”, conclui.

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.