Dezembro Laranja: técnica inovadora contribui para o tratamento do câncer de pele

A tecnologia aplicada à saúde vem proporcionando diversos avanços em tratamentos de doenças como o câncer, por exemplo. Uma dessas evoluções mais recentes é a cirurgia micrográfica de Mohs, considerada a técnica mais refinada, precisa e efetiva para o tratamento dos tipos mais frequentes de câncer de pele. O procedimento avançado e menos invasivo é disponibilizado no Centro de Cirurgia Minimamente Invasiva do Hospital Santa Joana Recife (PE).

“Por meio desta técnica, considerada padrão ouro para tratamentos de câncer de pele, é possível identificar e remover todo o tumor, preservando a pele em torno da lesão. O procedimento consiste na retirada do câncer, camada por camada, e do exame de cada uma delas ao microscópio, até que se obtenha margem livre, ou seja, a remoção completa do tumor”, explica a médica dermatologista do Santa Joana Recife, Virginia Batista, que já realizou cerca de 20 procedimentos desse tipo no Hospital. O nível de precisão e acerto pode atingir 98%. Após a obtenção da margem livre, é realizada a reconstrução da ferida resultante da retirada do tumor.

Segundo a dermatologista, uma grande diferença dessa técnica para a convencional é que toda a patologia e biópsia são feitas de forma intraoperatória, enquanto o paciente está sendo operado, ao invés de ser no laboratório. Outra distinção é que na técnica convencional, a margem de pele sã precisa ser bem maior ao redor do tumor, em torno de meio até um centímetro, dessa forma, o médico precisa fazer incisões ou cortes superiores para tentar retirar todo o câncer de pele. Isso pode ocasionar maiores cicatrizes, perda de função e até mesmo mutilações.  Na cirurgia de Mohs, a margem de segurança inicial é de um a dois milímetros, a partir daí, a visualização no microscópio irá orientar se e onde precisa retirar mais tumor e não pele sã. O método é indicado pelos principais protocolos de tratamentos mundiais de câncer, entre eles o The National Comprehensive Cancer Network (NCCN).

A técnica foi criada por Frederic E. Mohs, em 1930. Porém, com o desenvolvimento tecnológico na medicina, o método sofreu grande transformação, principalmente com o emprego do criostato, aparelho que permite congelar e realizar os cortes da pele, para que seja realizado o exame do tumor durante a cirurgia.

“O método é indicado para carcinomas basocelulares, carcinomas espinocelulares de alto risco de recidiva, melanomas finos de até um milímetro de espessura, dermatofibrosarcoma protuberans e alguns tumores mais raros de pele”, comenta a especialista. “Pode ser apontado, também, para os carcinomas basocelulares considerados de baixo risco, quando o objetivo for preservar a pele sã”, complementa.

Segundo a médica, a técnica é, ainda, extremamente adequada para áreas de alto risco, onde não existe pele em excesso para realizar a reconstrução e é mais fácil o tumor invadir estruturas nobres e mais profundas, como músculo, cartilagem e osso. São consideradas áreas de alto risco as orelhas, nariz, lábios, pálpebras, região genital, mãos e pés. Ainda de acordo com a médica, o procedimento de Mohs é importante nessas áreas que o tumor pode sair incompleto e voltar depois de períodos que variam entre meses e anos.

No Brasil, o câncer de pele atinge um número alarmante, já que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 30% de todos os tumores malignos correspondem ao de pele. Ainda de acordo com o Instituto, anualmente são diagnosticados 180 mil casos novos. O último mês do ano é marcado pela campanha de conscientização a esse tipo de câncer, o Dezembro Laranja. A ideia é alertar a população sobre a prevenção e os sinais da doença, possibilitando diagnóstico e tratamento precoce, ampliando as chances de cura.

O Brasil é conhecido por ser um país bastante tropical, com alta incidência solar durante praticamente todo o ano. “Por isso, a proteção solar diária é de extrema importância, já que o tumor é ocasionado pela radiação ultravioleta UVA e UVB”, alerta Virginia Batista. “Lembrando que o sol não está apenas presente na praia ou piscina. Até dentro de casa, se você tem luminosidade, também tem radiação. Então, é interessante aplicar o protetor, precisando ser retocado a cada duas ou três horas”, conclui. Evitar ampla exposição nos horários de pico do sol, entre às 9h até as 15h, é outra forma relevante de prevenção.

Redação

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