Dia do Psicólogo: especialidade voltada à oncologia trata questões como finitude e propósito

Embora as pessoas estejam mais abertas à busca por auxílio emocional, autoconhecimento e autocuidado, ainda há resistência em pedir ajuda, sobretudo quando a circunstância envolve o diagnóstico de uma doença. A particularidade do momento demarcou campos de atuação, como o da psico-oncologia, uma especialização voltada ao atendimento a pessoas com câncer. O Centro de Oncologia Campinas (SP), atento às especificidades do tratamento, mantém o serviço de psico-oncologia dirigido a pacientes, familiares e acompanhantes.

Em 27 de agosto, quando é comemorado no Brasil o Dia do Psicólogo – a data foi estabelecida em referência à regulamentação da profissão de psicóloga, neste mesmo dia, em 1964 –, a especialidade ganha forma e conceito dentro do COC com o trabalho de Ana Luiza Nobile Cassiani. “Quando um paciente recebe o diagnóstico de câncer, é importante dar suporte não só para ele, mas para toda a família e acompanhantes, para sua rede de apoio”, diz Ana Luiza, reforçando que a confirmação da doença impacta também os que estão a volta do paciente – e cada um tem maneira própria de lidar com a situação.

“Há inúmeros desfechos, não apenas a partir do diagnóstico, mas dos aspectos emocionais ocasionados pela mudança dos hábitos, de precisar ir ao médico mais frequentemente, de realizar exames. Existe ainda os efeitos colaterais do tratamento. Como temos um olhar mais especializado, conseguimos dar um apoio direcionado às necessidades de cada um, em cada um desses momentos”, detalha.

A experiência do câncer é desafiadora. Transforma rotinas e levanta questionamentos a respeito da finitude que antes não existiam. E o estado emocional, lembra a psico-oncologista, interfere na resposta ao tratamento. “Uma vez que somos seres psicossociais, estamos sujeitos a interferências emocionais e do ambiente. O diagnóstico de câncer afeta as pessoas tanto físico quanto emocionalmente, e ambos os aspectos necessitam de cuidados especiais”, reafirma.

Como a doença é multifatorial, afirma a profissional, parte dos componentes do processo de tratamento está contida em questões emocionais. “O câncer traz questionamentos e é preciso encontrar respostas positivas a cada um deles. O amparo profissional adequado contribui no diagnóstico, no tratamento e no prognóstico.”

O trabalho da psico-oncologista não se limita ao atendimento no consultório – é desenvolvido em todas as áreas do Centro de Oncologia Campinas. Ao circular pela instituição, Ana Luiza vai em busca de oferecer ajuda. “Na oncologia ainda há alguns estigmas relacionados à perda, finitude, tratamento, vida e o sentido de tudo. Quando circulo pela cantina, pelo centro de quiioterapia ou pelo saguão, identifico quem possa precisar de ajuda. Os profissionais médicos também me informam sobre os pacientes. Então, além daqueles que vão ao consultório, fazemos uma busca ativa por quem precisa de ajuda”.

Psico-oncologia

A psico-oncologia é uma especialidade relativamente recente da psicologia, direcionada ao atendimento de pacientes com câncer. Chegou ao Brasil no final da década de 1980. Em 1994, foi criada a Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia para congregar profissionais e estudantes da área de saúde e áreas afins à Psico-Oncologia.

Dentre as atribuições do profissional estão dar suporte emocional para o paciente expressar seu sofrimento diante do diagnóstico da doença, compreender o momento e lidar da melhor forma com as mudanças e adaptações impostas.

Segundo a SBPO, a assistência do psico-oncologista deve ser disponibilizada em todas as fases do acompanhamento ao paciente, incluindo intervenções relacionadas à prevenção, ao diagnóstico, aos tratamentos, à reabilitação e, quando trata-se de doença sem possibilidade de cura, aos cuidados paliativos e processo de finitude.

Redação

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