Doação de órgãos precisa ser debatida pela sociedade civil

A equipe do Programa de Transplantes de Pâncreas, Fígado e Rim do Hospital Leforte, juntamente com o Grupo Hepato, quer aproveitar o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, celebrado no próximo dia 27 de setembro, para disseminar informações que contribuam para o aumento de doações e diminuição da fila de pacientes que aguardam um órgão.

“O transplante é o único tratamento de saúde no qual a sociedade pode atuar de forma efetiva e este assunto merece destaque nos debates civis. Falar sobre a questão da doação, esclarecer a população sobre como funciona o procedimento e o seu impacto na vida dos receptores é fundamental”, declara Dr. Tércio Genzini, que atua na coordenação do programa.

Pela legislação brasileira, a doação de órgãos pode se dar em vida ou após a morte. A doação pós-morten só pode ser feita após autorização dos membros da família. O doador deve ter sofrido morte encefálica e passa por protocolo rigoroso de confirmação diagnóstica através de dois exames clínicos e um método gráfico que confirme ausência de fluxo sanguíneo ou atividade elétrica no cérebro. Após a morte encefálica, o doador pode ser mantido por aparelhos ainda com coração batendo por período variável de até 48h. Após esse prazo, os batimentos cardíacos inevitavelmente cessarão e os órgãos não poderão ser mais aproveitados para doação.

Este intervalo de tempo entre a confirmação da morte encefálica e a parada cardíaca definitiva do doador é o prazo que as equipes têm para deflagrar todo o processo da doação. O tempo de cada órgão varia e por isso a agilidade é primordial.

Órgão Tempo de isquemia (de retirada de um órgão e transplante deste em outra pessoa)
Coração 04 horas
Pulmão 04 a 06 horas
Rim 48 horas
Fígado 12 horas
Pâncreas 12 horas

 

Também existe a possibilidade de doação em vida, nos casos de órgão duplo ou quando a retirada de parte dele não prejudicará a saúde do doador: rim, parte do fígado e medula óssea. Os doadores vivos permitidos pela legislação nacional incluem parentes até quarto grau ou cônjuges. Além deste vínculo, pode haver doação em vida, mas que requer autorização judicial para que se confirme o altruísmo da doação. Novos métodos de doadores em vida já praticados em diversos países, mas ainda em debate, são a doação pareada (quando duplas incompatíveis trocam os doadores entre si) e os doadores altruístas (doadores renais, por exemplo, que doam para desconhecidos, sem vínculo afetivo, à semelhança do que ocorre com a doação de sangue ou medula).

Pâncreas, Rim e Fígado

Em 2018, o Programa de Transplantes de Pâncreas, Fígado e Rim do Hospital Leforte, juntamente com o Grupo Hepato, realizou 67 transplantes de pâncreas (sendo 39 pâncreas isolado e 28 de pâncreas/rim), o maior número de procedimentos deste tipo em todo o mundo.

“Ficamos muito felizes com o dado, mas sabemos que podemos aumentar este número. As pessoas desconhecem a possibilidade de transplante de pâncreas para pacientes com diabetes tipo 1 – que surge na fase da infância ou adolescência – e começam a apresentar complicações secundárias nos rins, nervos e visão, após 15 ou 20 anos da descoberta da doença. Neste caso, a indicação dependerá da gravidade das complicações do diabetes. Quando bem indicado e realizado, representa o melhor tratamento, eliminando a necessidade de insulina, restabelecendo dieta livre e sem restrições”, explica o Dr. Marcelo Perosa, coordenador do Programa de Transplantes de Pâncreas e Rins do Hospital Leforte.

No total, em 2018 a equipe do Hospital Leforte realizou 219 procedimentos, incluindo, além dos transplantes de pâncreas, 39 de fígado e 113 de rim (intervivos de rim e parte do fígado).

Redação

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