A medicina é uma das áreas mais beneficiadas pela constante evolução da tecnologia, e isso é revertido imediatamente em vantagens para a população, que pode ter acesso aos melhores cuidados em caso de necessidade. Especialmente na Medicina Obstétrica e Neonatal é uma verdade: se há algumas décadas era impossível imaginar um parto seguro de um bebê prematuro com idade gestacional de menos de 30 semanas, hoje uma gestação de 22 semanas já é considerada viável.
Os novos limites da viabilidade foram tema do 7º Congresso Internacional de Medicina Obstétrica, realizado nos últimos dias 14 e 15 de outubro pelo Hospital e Maternidade Santa Joana. O evento, que retomou o formato presencial, contou com a participação de mais de 150 obstetras e enfermeiros de todo país para atualização médica e troca de experiências sobre o que há de mais moderno em ginecologia e obstetrícia, gestação de alto risco e de alta complexidade em torno do tema principal “Segurança e Qualidade”.
Além de grandes nomes da obstetrícia nacional, um dos palestrantes de destaque foi o renomado especialista internacional Dr. Dan Farine, fundador da Canadian Society of Maternal/Fetal Medicine, que já foi diretor da área de Medicina Fetal do Hospital Mount Sinai, em Israel, e da Universidade de Toronto, no Canadá. O especialista também é professor honorário da Universidade de Moscou, na Rússia, e professor adjunto da Universidade Médica de Viena, na Áustria, autor de mais de 180 artigos publicados e premiados pela SOGC, além de editor de quatro livros didáticos na área de obstetrícia.
Em sua apresentação com o tema “Guidelines Internacionais na Assistência Obstétrica ao Feto no Limite Viabilidade – 22 a 25 semanas”, o Dr. Dan Farine destacou que ainda não há consenso sobre o limite da viabilidade de um bebê prematuro, mas mostrou dados de 2019 dando conta que, em idades gestacionais menores 23 semanas, há 39% de risco de que a criança apresente sequelas graves, incluindo problemas neurológicos, de audição ou visão. Já em gravidezes com mais de 25 semanas, esse índice cai para 20%, o que justifica intervenções máximas quanto à reanimação desse bebê na sala de parto.
“A experiência de instituições como o Hospital e Maternidade Santa Joana é fundamental para que o diálogo com a família seja o mais honesto possível, porque a mulher sempre vai colocar a saúde do filho à frente da sua”, afirmou o especialista. “É importante que o obstetra e o neonatologista passem uma mensagem unificada para a paciente. O aconselhamento deve otimizar o tempo limitado do bebê prematuro, precisa ser informativo, acolhedor e tentar definir para os pais o que significa qualidade de vida, respeitando a diversidade religiosa, social, cultural e étnica da família”, completou o Dr. Dan Farine.
O médico também mediou um painel sobre a assistência aos partos que têm a obesidade como fator complicador, e uma conferência magna sobre inovação tecnológica na assistência ao parto.
Programas Especiais em Medicina Fetal também estiveram na pauta
No sábado do 7º Congresso Internacional de Medicina Obstétrica, o chefe do Departamento de Medicina Fetal do Hospital e Maternidade Santa Joana, Dr. Antonio Fernandes Moron, mediou um debate sobre o que há de mais moderno em Programas Especiais em Medicina Fetal. Participaram do bate-papo os Dr. Stephanno Sarmento, Dra. Camila Almeida e Dr. Mario Burlacchini, que falaram sobre prevenção do parto prematuro, como diagnosticar e tratar infecções congênitas, e novas técnicas de Terapêutica Fetal.
“Atualmente, existem inúmeras alternativas para a prevenção e tratamento das gestações prematuras com os mais variados tipos de malformação, e os médicos têm opções em diversas áreas terapêuticas para melhorar o desfecho do parto”, disse o Dr. Antonio Moron. “Agora, um dos grandes desafios da evolução tecnológica na medicina obstétrica é fazer com que a cirurgia intrauterina seja cada vez mais segura, intervindo a partir do limite da viabilidade fetal”, concluiu o especialista.
A programação científica do evento incluiu ainda três cursos, sendo um pré-congresso, no qual foi abordada a assistência ao parto usando as ferramentas da simulação realística. As outras duas aulas tiveram como temas a Reprodução Humana e a Medicina Fetal, e aconteceram durante a ampla programação do 7º Congresso Internacional de Medicina Obstétrica do Hospital e Maternidade Santa Joana.