Estresse aumenta risco de AVC

Adultos com pressão arterial normal e altos níveis de cortisol (hormônio do estresse) são mais propensos a desenvolver pressão alta e a sofrer eventos cardiovasculares – como o AVC (Acidente Vascular Cerebral) – em comparação a aqueles que tinham níveis mais baixos, de acordo com uma pesquisa publicada nesta semana na Hypertension, um jornal da American Heart Association, e na revista científica Circulation. Outro ponto levantado é que os jovens são mais propensos a desenvolver essas condições.

Ao acompanhar por 13 anos (entre 2005 e 2018), 412 adultos com idades entre 48 e 87 anos, e pressão arterial normal, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a elevação do cortisol no sangue pode causar pressão alta nos próximos dez anos. Além disso, dobrar os níveis desse hormônio aumenta em 90% o risco de se apresentar um problema cardiovascular.

O AVC acontece quando os vasos que levam o sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a morte da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É a segunda maior causa de mortalidade no Brasil e estudos indicam que uma em cada quatro pessoas terá a doença ao longo da sua vida. “Durante um evento desse tipo, cerca de 1,9 milhões de neurônios morrem por minuto”, explica a neurologista, presidente da Rede Brasil AVC e presidente-eleita da Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization), Sheila Cristina Ouriques Martins.

Entre os sinais de alerta mais comuns estão: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar; tontura e dor de cabeça súbitas, intensas, sem causa aparente.  “A identificação precoce dos sintomas de AVC e o tratamento médico imediato em um Centro de AVC intensifica consideravelmente a recuperação. O socorro ágil evita o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória, prejuízo à fala e diminui drasticamente o risco de morte”, fala Sheila.

A especialista ressalta que a adequação dos hábitos de vida diária é primordial para a prevenção do AVC. “Com práticas simples, 90% dos casos de AVC poderiam ser evitados, como por exemplo, não fumar; não consumir álcool; manter o peso ideal e uma alimentação saudável; beber bastante água; praticar atividades físicas regularmente e manter a pressão sob controle.

Atenção Primária

Neste mês, foi iniciado o projeto executado pelo Hospital Moinhos de Vento, através do PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, do Sistema Único de Saúde), que visa engajar os agentes de saúde, enfermeiros e médicos da Atenção Primária no combate à doença.

“A Atenção Primária é a porta de entrada do SUS e atende até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para os especialistas. Por isso, é um instrumento de grande valor no combate ao AVC e tantos outros problemas de saúde”, pontua a médica.

Inicialmente, a ação envolverá oito unidades de Estratégia de Saúde da Família em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, expandindo-se para outras 60 unidades em todo o país. Entre as ações previstas no projeto, estão a implementação de programa de detecção de fatores de risco na comunidade, com encaminhamento para tratamento dos fatores de risco, além de classificação de risco de AVC e doença cardiovascular através do aplicativo para celular “Riscômetro de AVC”.

Também já está em execução a campanha “Combatendo o AVC”, coordenada nacionalmente pela Rede Brasil AVC. A campanha acontece todos os anos próximo ao dia 29 de outubro – Dia Mundial de Combate ao AVC. “Prevenir sempre será melhor do que remediar, por isso, todo trabalho e soma de esforços, da prevenção ao atendimento agudo, é de extrema importância”, conclui a Sheila.

Redação

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