Estudo constata que somente um em cada quatro mantém glicemia sob controle

O Estudo Epidemiológico de Informações da Comunidade – EPICO, da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo revelou que, entre mais de nove mil pessoas de unidades básicas de saúde de 32 cidades paulistas, somente 25% apresentavam valores de glicemia dentro das metas preconizadas. De acordo com a última edição do Atlas Mundial do Diabetes, no Brasil, mais de 16 milhões estão acometidos, tornando o país o quinto com maior incidência. Já no mundo são 436 milhões de adultos (9% da população), mas 231 milhões não sabem que têm.

O diabetes é considerado o terceiro maior fator de risco para doenças ateroscleróticas cardiovasculares, como infarto e AVC, segundo com a Diretriz Brasileira sobre Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Pacientes com Diabetes. “Mas, apesar disso, apenas 25% dos pacientes fazem o tratamento de forma adequada”, relata o presidente da SOCESP, João Fernando Monteiro Ferreira. E o impacto dessa negligência é grande: estimativas indicam que a doença está ligada a 11% das mortes ocorridas entre os 20 e 79 anos.

O Diabetes é uma doença crônica, que se caracteriza pelo aumento constante dos níveis de glicemia no sangue. Os principais sintomas – que podem ser sutis e, por isso, o diagnóstico requer exames clínicos – são sede, rápida perda de peso, fome constante, cansaço inexplicável, muita vontade de urinar, dificuldade para cicatrização, infecções frequentes e visão embaçada. Além da obesidade e do sedentarismo, pressão alta, colesterol elevado ou uso de medicações que aumentam a glicose no sangue também contribuem para o desenvolvimento da doença.

“Justamente por estar mais sujeita aos fatores de risco, é a população acima dos 65 anos a mais propícia a desenvolver o diabetes tipo dois”, explica o assessor científico da SOCESP, Ronaldo Fernandes Rosa. “A prevalência é de 20% ou cerca de um a cada cinco, o que corresponde a cinco milhões de idosos diabéticos no Brasil e 100 milhões no mundo.” Estudos regionais brasileiros apontam recorrência 60% maior da doença entre a população idosa na última década. Segundo Ronaldo, os efeitos naturais do envelhecimento e da redução da funcionalidade de vários órgãos, bem como a perda de massa muscular, agrava o diabetes.

A Diretriz de Cardiogeriatria mostra que a mortalidade provocada pelo diabetes aumenta de acordo com faixas etárias maiores: dos 65 aos 75 anos, cerca de 20% dos óbitos estão relacionados com a doença; na faixa dos 75 ao 85, 30% e, após 85 anos, 35% da mortandade é consequência do diabetes.

Descontrole, complicações e prevenção

Entre as principais decorrências do controle ineficiente estão: doença renal, retinopatia (cegueira, glaucoma e catarata) e má circulação nos membros inferiores, o que pode levar à necessidade de amputação, uma vez que a doença causa danos aos nervos dos pés.

No Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro) o objetivo da SOCESP é alertar a população sobre os riscos e apontar caminhos para a prevenção e o diagnóstico precoce. “Os pacientes precisam levar à sério o controle, que representa a possibilidade de reduzir em até 20% o risco de um infarto ou AVC derivado do diabetes”, diz o presidente da SOCESP. “Além disso, o início imediato do tratamento diminui os riscos cardiovasculares e gerais.”

A American Diabetes Association (ADA) recomenda que indivíduos com excesso de peso e todos os adultos com idade acima de 45 anos realizem exames clínicos (de sangue) para diabetes no máximo a cada três anos, sendo que idosos devem fazer a pesquisa com intervalos menores.

A qualidade de vida, com dieta saudável e atividade física desde a infância é o melhor caminho de combate. “E sempre é tempo de começar: mesmo para idosos que nunca praticaram, o início dos treinos na terceira idade traz excelentes ganhos, melhorando a massa muscular e diminuindo a fragilidade característica da faixa etária, criando escudos naturais contra este e outros males”, reforça o cardiologista Ronaldo Rosa.

Redação

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