Estudos mostram que pacientes recuperados da Covid-19 podem desenvolver diabetes

Nem a ciência e nem a medicina têm as respostas sobre todas as sequelas que a Covid-19 pode deixar nos pacientes recuperados. Mas, aos poucos, novos estudos confirmam diferentes sequelas que já vêm sendo notadas nos consultórios médicos, a exemplo do aumento nos diagnósticos de diabetes em pessoas que tiveram Covid-19.

Solange Travassos, médica coordenadora do departamento de saúde ocular da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e vice-presidente eleita (biênio 2022/2023), notou que diagnósticos de diabetes em pacientes recuperados da Covid-19 cresceram.

“Ainda não podemos afirmar com toda a certeza a relação com o Coronavírus, necessitamos de mais estudos, mas os diagnósticos de diabetes em pacientes pós-Covid aumentaram, sim. Só vamos conseguir saber a incidência, ou seja, o número de casos novos, quando pudermos comparar com números de anos anteriores e a evolução disso no tempo.”

Existem alguns fatores sendo considerados pelos pesquisadores, mas há evidências, segundo estudos publicados na revista científica Cell Metabolism e no periódico Diabetes, Obesity and Metabolism, de que o Sars-Cov-2 pode atacar as células beta do pâncreas, que produzem insulina, o hormônio que controla a quantidade de açúcar no sangue.

A própria resposta imunológica do corpo ao vírus é uma hipótese para a interrupção da produção das células beta. Solange lembra que o tratamento dos casos de Covid grave, com altas cargas de corticoide, também estressam essas células e, consequentemente, o risco de desenvolver diabetes aumenta. Os consultórios têm constatado casos de alteração transitória e permanecente da glicemia, segundo a médica.

“Infecções graves aumentam a taxa de glicemia no sangue, causando uma alteração transitória ou um diabetes permanente que, por ser uma condição que geralmente não apresenta sintomas, poderia estar oculto”, explica Solange Travassos.

A médica ressalta que em alguns casos o paciente já poderia ter diabetes mas não sabia até ser hospitalizado para tratar a Covid-19. Isso acontece com mais frequência no Diabetes Tipo 2 (DM2), quando a produção de insulina pelo organismo é insuficiente ou o corpo não consegue usar o hormônio de forma correta e em geral leva mais tempo para ser descoberto. O Diabetes Tipo 1 (DM1) costuma aparecer na infância e na adolescência com sintomas como perda de peso e vontade frequente de urinar, mas pode ocorrer em qualquer idade.

Outros fatores também podem estar por trás dos novos casos de diabetes induzidos pela Covid-19. São aqueles relacionados às mudanças comportamentais, como aumento dos níveis de estresse, e na rotina – sedentarismo e ganho de peso estão entre os principais fatores de risco.

Como 50% das pessoas com diabetes ainda não tiveram diagnóstico confirmado, é muito importante consultar um médico para avaliação geral, e não deixar que o diabetes permaneça oculto, ampliando as chances de complicações. Já para quem tem diabetes, a pandemia mostrou que o manter o nível de controle da glicose faz muita diferença.

“A glicose elevada facilita a proliferação do vírus da Covid-19. O paciente deve pensar se está tratando direito e considerar a ajuda de um profissional, como nutricionista, psicólogo e retomar as consultas com o médico. Com a doença sob controle, há mais chances de passar pela Covid com mais tranquilidade.”

Redação

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