Evento discute plano com políticas de prevenção e combate às doenças crônicas não transmissíveis

Idealizado pelo Public Health Institute (PHI) em 2016, com programas semelhantes desenvolvidos simultaneamente na África do Sul e na Índia, com mais de 100 instituições participantes, foi realizado na última sexta-feira (23) o 7º encontro do FórumDCNTs com o objetivo de discutir e identificar prioridades no combate das DCNTs (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), compartilhar conhecimento, criar oportunidades e facilitar a integração e a construção de soluções conjuntas, escaláveis e sustentáveis entre os seus membros.

Participaram do evento representantes do Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais, da iniciativa privada e de movimentos civis. “Um dos grandes desafios deste encontro foi garantir o espaço necessário para as diferentes DCNTs e seus fatores de risco, em um momento de tanta pressão sobre os ODSs da ONU e, ainda, em paralelo ao momento de revisão do Plano Nacional de Enfrentamento às DCNTs 2021-2030”, afirma o Dr. Mark Barone, Fundador e Coordenador Geral do FórumDCNTs.

Como não poderia deixar de ser, um dos assuntos recorrentes durante o encontro foi a pandemia da Covid-19. Isso porque mais de 60% das pessoas que vieram à óbito por conta do novo Coronavírus apresentavam alguma comorbidade crônica não transmissível. “Essa tendência de que pessoas com alguma DCNT seriam mais suscetíveis à Covid-19 já era sabida tanto por conta da pandemia de SARS, no início dos anos 2000, como por conta dos dados que vieram da China e da Itália e que demonstravam que pessoas com Diabetes, doenças cardiovasculares e outras doenças tendiam a de ter uma evolução pior, caso fossem infectadas. Infelizmente, não nos antecipamos para protegermos melhor essas pessoas e evitarmos o enorme número de mortes que observamos”, ressaltou Dr. Mark Barone.

A orientação nestes casos é que a pessoa fique atenta às suas condições crônicas, procurando manter os parâmetros metabólicos bem cuidados e dentro do esperado: taxa de glicemia ou pressão arterial, por exemplo. Além disso, não deixar de tomar o medicamento e/ou fazer o tratamento (enfatizando também os casos de câncer) e, caso tenha acontecido alguma mudança na rotina, não deixar de entrar em contato com os profissionais de saúde para fazer os ajustes terapêuticos necessários.

Como ponto positivo, é importante salientar que as doenças crônicas, quando prevenidas ou tratadas precocemente e de forma adequada, têm um custo menor para o Estado e a pessoa. “Se essas condições de saúde não forem adequadamente tratadas, levam ao desenvolvimento de complicações. O tratamento dessas complicações, como infartos, AVC e doença renal, termina sendo mais oneroso tanto para os cofres públicos como para as próprias pessoas, sem falar nas consequências para a qualidade de vida da pessoa e seus familiares”, comenta Dr. Mark.

Obesidade

Outra comorbidade que vem crescendo em nossa sociedade e que foi discutida nos painéis do evento foi a obesidade. Recentemente, o IBGE divulgou dados que, em menos de duas décadas, mais do que dobrou o número de pessoas com sobrepeso ou obesidade no país. “O agravante nesses casos é que a obesidade em si já é considerada uma doença crônica, porém, ela também pode levar a outras doenças como diabetes ou hipertensão, por exemplo”, alerta o coordenador do FórumDCNTs.

Se o Brasil é referência no tratamento de algumas doenças crônicas, como o tabagismo, por exemplo, em outras ainda temos um longo caminho a percorrer, conforme afirma o Dr. Mark Barone: “Apesar de estagnados nos últimos anos, os níveis de tabagismo no país estão muito abaixo quando comparado com a maior parte dos países. Por outro lado, em outras áreas de prevenção como alimentação saudável e consumo de álcool estamos atrasados. Só agora a Anvisa determinou que se utilize a rotulação frontal dos alimentos para que as pessoas possam ter noção de quais alimentos tem muito sódio, açúcar ou gordura. Já com relação ao álcool, estamos ainda mais atrasados. Deixou-se de fazer propaganda de cigarros e, em suas embalagens, foram instituídas aquelas imagens nada atraentes. Em relação a bebidas alcoólicas, ainda vemos muita propaganda, garrafas e latas muito bonitas e não identificamos os riscos do consumo. A Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-americana da Saúde são enfáticas ao dizer que ainda faltam leis no Brasil para isso”, finaliza Dr. Mark Barone, Coordenador do FórumDCNTs.

Alimentação

O Guia Alimentar da População Brasileira foi outro tema de extrema importância discutido no Fórum. O material foi desenvolvido para o Ministério da Saúde pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), e é referência nacional e internacional para a promoção da saúde e indicador de políticas públicas. O Guia está em uso desde 2014 e, em setembro deste ano, o Ministério da Agricultura publicou uma nota técnica, prontamente rebatida pelo Nupens/USP e por organizações da sociedade civil, apontando supostas falhas no guia e solicitando ao Ministério da Saúde sua revisão.

“O FórumDCNTs está atento ao encaminhamento do caso com o objetivo de manter seus parceiros informados e apoiar ações que avancem, e não retrocedam, os esforços nacionais e globais de enfrentamento às DCNTs para se atingir a meta 3.4 do ODS 3, por meio de iniciativas sólidas”, diz a entidade.

Fórum DCNTs

O FórumDCNTs tem como proposta promover parcerias entre as principais instituições dos setores público, privado e terceiro setor para o combate à causa de 74% das mortes no país, as doenças crônicas não-transmissíveis (DCNTs).

O FórumDCNTs foi idealizado pelo Public Health Institute (PHI) em 2016 e hoje conta com mais de 100 instituições participantes.

Informações: www.forumdcnts.org

Redação

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