Universidade x Covid-19: recém-formados destacam importância das atividades práticas

Mais de 50% dos recém-formados de Enfermagem já estão trabalhando; Gabriela está na UTI Covid do Hospital Regional. Foto: Bianca Santos/ Imprensa HR

Jonathan Santos Leonel, Gabriela Kauiza Aguiar Boni e Leandro Almeida Sassi se formaram na Unoeste e em menos de três meses de formados já conseguiram o 1º emprego. O que mais eles têm em comum? São profissionais da saúde e estão na linha de frente da Covid-19. Além disso, o aprendizado prático presencial da graduação foi importante para o papel que desempenham atualmente.

“Me formei no curso de Enfermagem em dezembro de 2020 e comecei a trabalhar no pronto-socorro do Hospital e Maternidade Nossa das Graças de Presidente Prudente (SP) em janeiro”, comenta Jonathan. Aos 25 anos, ele relata que os dias não têm sido muito fáceis. “Estamos passando por um momento delicado com o pico de casos da Covid-19”.

Sobre a sua atuação, conta que além dos atendimentos de urgência ele é um dos enfermeiros responsáveis pela sala que recebe os pacientes que chegam com suspeita ou confirmação para o novo Coronavírus. “Realizo a notificação do paciente, a coleta do exame RT-PCR que é o padrão ouro recomendado pela OMS e também faço as orientações sobre o isolamento e o retorno se necessário”.

Ele destaca que realizou estágio supervisionado mesmo com a pandemia. “Essa vivência me ajudou muito, porque o contato com o hospital me trouxe uma bagagem de conhecimento imensurável. Além disso, com a pandemia sempre fomos orientados sobre protocolos de cuidados não só pessoal, mas também com contato direto com paciente”.

Já a colega de turma Gabriele, de 23 anos, trabalha desde fevereiro na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Campanha Covid 2 do Hospital Regional (HR) de Presidente Prudente. “Sou responsável por todo o andamento da clínica que envolve desde as coletas de exames até a supervisão do trabalho dos técnicos de enfermagem. Acompanho também o monitoramento dos sinais dos pacientes até as questões burocráticas”.

Ela também destaca a importância das vivências práticas. “Peguei a pandemia desde o começo e foi bem difícil. Só agora consegui perceber o quanto foi importante não ter parado atividades como o estágio. Foram experiências fundamentais para que eu tivesse mais autonomia e conhecimento no exercício da minha profissão”.

Quem também está na linha de frente da Covid-19 é o fisioterapeuta Leandro, de 23 anos. Ele se formou em junho de 2020 e após dois meses foi contratado no Hospital Iamada de Presidente Prudente e, em seguida no Hospital de Caridade Anita Costa de Santo Anastácio (SP).

“Nesses dois hospitais trabalho no setor de enfermaria Covid. Nosso maior objetivo é melhorar a capacidade respiratória dos pacientes, evitando a evolução para uma intubação. Outro ponto são os pacientes que saem da UTI e que permaneceram por muito tempo em ventilação mecânica invasiva. Eles apresentam uma importante fraqueza muscular, tanto esquelética, quanto da musculatura respiratória. Então, nesse momento, devemos ver o paciente como um todo e não pensar somente em pulmão, por exemplo”.

O fisioterapeuta conta que sempre se identificou com a área hospitalar. “As atividades práticas me ajudaram bastante. Além disso, a teoria me ofereceu uma base do segmento, sem falar que os professores sempre sanaram todas as minhas dúvidas”, conclui.

Formação prática

De acordo com o diretor da Faculdade de Ciências da Saúde da Unoeste, professor doutor Carlos Eduardo Assumpção de Freitas, atualmente, realizam atividades práticas presenciais os cursos de Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Odontologia e Psicologia.

“Estamos passando por um momento muito delicado e cheio de incertezas e talvez essa pandemia demore mais tempo do que imaginamos. Certamente, teremos um número razoável de pessoas com sequelas em razão da Covid-19. Diante disso, é muito importante formar o aluno da saúde para atender as necessidades da população”.

O diretor destaca também a contribuição acadêmica para a sociedade, já que muitos alunos dão continuidade em atendimentos de saúde nas clínicas da Unoeste ou em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Estratégias de Saúde da Família (EFSs). “Outra questão é que temos uma população que necessita de assistência para preservação ou melhora do seu estado de saúde. Considerando o número de profissionais que são afastados diariamente nos serviços, os alunos também conseguem apoiar o sistema de saúde como futuros profissionais”, conclui.

Oportunidades para enfermeiros

A coordenadora do curso de Enfermagem da Unoeste, Dra. Larissa Sapucaia Ferreira Esteves, destaca que mais de 50% do alunos que se formaram no último semestre já estão atuando. Muitos desses recém-formados estão na linha de frente da Covid-19.

Ela pontua que a carga horário da graduação prevê uma quantidade de tempo prática que não pode ser substituída por atividades em laboratório. “Essa segunda vivência é muito importante para preparar o estudante em sua atuação em campo. Entretanto, é fundamental que os alunos mantenham essa relação direta com a população”.

Para a coordenadora, não tem como formar um enfermeiro sem o contato com as pessoas, tanto para as relações interpessoais, quanto para o desenvolvimento da comunicação e de habilidades socioafetivas e técnicas. “Caso isso não aconteça, a gente pode ter um profissional sem competências psicomotoras e afetivas capazes de dar conta da atual pandemia”, encerra.

Redação

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